A concentração dos investimentos de impacto no eixo Rio-São Paulo, sobretudo em São Paulo, é imensa. O mapa bienal da Pipe.Social (plataforma-vitrine do setor) confirma na sua mais recente versão, de 2019. Lançado em 2017, o estudo monitora o ecossistema dos negócios de impacto socioambiental no Brasil e ajuda a orientar estratégias e ações. São todos alinhados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A base é formada por mais de 2 mil negócios.
No Sudeste estão 62% dos negócios de impacto do Brasil. Destes, 38% em São Paulo e 12% no Rio. A reduzida quantidade de negócios do ramo em outras regiões, como o Nordeste (11% do País), porém, não indica baixo potencial. O Ceará possuía oito negócios mapeados na estreia do levantamento. Na segunda edição, 24. Na amostra, negócios que têm impacto ambiental (energia, água, poluição, reciclagem e resíduos); projetos com impacto em agricultura, biotecnologia, análises de atmosfera e soluções para preservação de fauna e flora.
A empresa cearense in3citi investidora social, por exemplo, mira nas oportunidades do Estado. Capta dinheiro para startups de soluções digitais do Ceará cujo escopo sejam transformações sociais, ambientais e econômicas. Pelo modelo que pratica, ao investidor devolve o capital alocado, quatro anos depois. O quadriênio é o tempo estimado para o ganho de fôlego dos negócios, o ganho de escala.
É da empresa a chamada de negócios Territórios de Futuro cujo retrato espelha o cenário no Estado. Pelo segundo ano consecutivo, a chamada buscou e atraiu negócios de impacto socioambiental de base tecnológica e com potencial de resolver problemas urbanos. Em comum, pelo edital, teriam de melhorar a qualidade de vida das pessoas no Ceará.
Na última edição, mirou em negócios com atuação em Mobilidade Urbana, Resíduos Sólidos, Energia Inteligente, Educação, Saúde, Finanças e Microcrédito, sediados no Ceará ou em outras regiões do País. Contudo, todas com interesse em atuar no Estado. No mapa dos interessados, um quase empate entre Nordeste (31%) e o Sudeste (39%).
Foram 185 soluções mapeadas em todo o Brasil e 15 selecionadas para speed-dating com investidores, buscando uma vaga no programa de aceleração Hangar. Quanto ao modelo de negócio, 64% B2B (de empresa para empresa) e 55% B2C (de empresa para consumidor). O processo seletivo levou em conta a maturidade do projeto, a oportunidade, o comercial e o potencial de crescimento, o alinhamento com os setores procurados, o potencial de impacto socioambiental e o nível de inovação e disrupção da solução.
SELO B TEM APENAS DUAS NO CEARÁ
Tomando por referência a certificação B, o Ceará tem apenas duas empresas portadoras do Selo B. O selo, concedido pelo Sistema B Brasil, atesta que uma empresa mede seu impacto social e ambiental, além de estar pessoal, institucional e legalmente comprometida em tomar decisões, considerando as consequências de suas ações de longo prazo para a comunidade e o meio ambiente.
Para ser uma empresa B, é preciso preencher uma avaliação de impacto B e ser aprovado. A ferramenta é gratuita e as informações fornecidas são confidenciais. O Sistema B afirma que são projetadas para ajudar a medir e gerenciar o impacto positivo da empresa em relação a seus trabalhadores, comunidade, consumidores e meio ambiente. A certificação tem validade de três anos.
Em Fortaleza, uma Comunidade B foi instalada em 2019. Trabalha um conceito mais evoluído de sucesso empresarial. Há muito a ser feito. As duas empresas no Ceará com o Selo B são: Selletiva e in3citi.
PASSO A PASSO PARA SE OBTER O SELO B:
1 – Avaliação de Impacto B;
2 – Completar o Questionário de Divulgação;
3 – Análise de Elegibilidade Inicial (cerca de 2 semanas);
4 – Preparação para a Verificação (cerca de 6 semanas);
5 – Verificação com o B Lab (entre 2-6 meses; a duração do processo dependerá do tamanho,da complexidade da estrutura da empresa e da qualidade das comprovações entregues);
6 – Revisão de antecedentes;
7 – Revisão Presencial;
8 – Divulgar publicamente o Relatório de Impacto B internet;
9 – Modificar estatutos e/ou figura jurídica;
10 – Pagar;
11 – Recertificação de Empresa B.