O Ceará possui uma das matrizes energéticas mais limpas do País, com destaque para a produção eólica e solar.
Em 2025, o Estado já acumulava mais de 2,5 gigawatts (GW) em capacidade instalada em usinas eólicas e aproximadamente 1,2 GW em solares fotovoltaicas.
Essa base renovável, combinada à disponibilidade territorial e à proximidade logística com os principais mercados consumidores, consolida o Ceará como um dos principais territórios brasileiros aptos a liderar a transição energética por meio do hidrogênio verde (H₂V).
Nos últimos anos, o governo estadual, em articulação com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), passou a estruturar uma agenda dedicada à atração de projetos voltados à produção de hidrogênio verde e seus derivados.
Além dos memorandos, o Estado já viabiliza pré-contratos com empresas em estágio mais avançado, que sinalizam compromissos vinculantes para instalação de plantas de produção.
Em paralelo, avança-se na obtenção de pareceres técnicos e aprovação ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), etapa essencial para viabilizar a conexão dos empreendimentos ao Sistema Interligado Nacional (SIN), garantindo fornecimento estável e previsível de energia renovável.
Em 2024, foi inaugurada a primeira planta-piloto de hidrogênio verde em operação no Brasil, localizada no Cipp.
Além dela, seis projetos encontram-se em fases mais avançadas de estruturação, envolvendo empresas como Fortescue, AES Brasil, Casa dos Ventos, Voltalia, Qair e FRV, com investimentos estimados em mais de US$ 30 bilhões.
A estruturação desses projetos é potencializada pelo interesse europeu: acordos com os portos de Roterdã e Sines vêm consolidando corredores logísticos verdes para o escoamento de H₂V e derivados rumo à Europa, em sinergia com a estratégia Global Gateway da União Europeia.
Os projetos preveem a instalação de plantas industriais em áreas da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), além da construção de redes de dutos, sistemas de armazenamento e terminais logísticos especializados.
Um dos investimentos mais relevantes em infraestrutura já licitado é o novo berço do Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT) do Porto do Pecém, voltado especificamente à movimentação de amônia verde.
O projeto, orçado em R$ 675 milhões, conta com recursos do Banco Mundial, do Fundo Clima e da própria CIPP S.A. A obra, cuja construção deverá ser concluída até 2028, é considerada estratégica não apenas para viabilizar a exportação da produção, mas também para consolidar o porto como plataforma energética internacional.
Para garantir a segurança e disponibilidade de energia em larga escala, a Enel Distribuição Ceará anunciou um plano de investimento de R$ 7,4 bilhões no período entre 2025 e 2027.
O montante será destinado à ampliação da infraestrutura elétrica de alta tensão no Estado, com destaque para a implantação de 13 novas subestações e a modernização de linhas de transmissão.
Esses investimentos têm como prioridade atender a carga industrial crescente da ZPE II, cuja vocação será fortemente voltada à cadeia do hidrogênio e à transição energética.
A integração dessas iniciativas conta com a articulação entre diferentes esferas de governo, agências de fomento e instituições multilaterais.
O Estado tem atuado para viabilizar a criação de um marco regulatório compatível com os padrões internacionais de certificação de hidrogênio verde, além de oferecer incentivos fiscais e apoio técnico às empresas interessadas.
O Plano de Transição Energética Justa do Ceará (Ceará Verde), aliado ao Programa Ceará H₂ Verde, forma a espinha dorsal da estratégia pública para o setor.
Apesar do avanço institucional e dos aportes previstos, o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio verde no Ceará ainda enfrenta desafios significativos.
Entre eles, destacam-se o alto custo dos eletrolisadores, a ausência de normativas federais claras para a exportação de hidrogênio e derivados, e a necessidade de formação de mão de obra técnica qualificada.
Também é fundamental garantir a coordenação entre os projetos privados e a expansão das redes de abastecimento de água, considerando que o processo de eletrólise exige volumes significativos desse insumo.
Ainda assim, as oportunidades superam os entraves no horizonte de médio e longo prazo. A localização geográfica do Ceará, com acesso facilitado aos mercados da Europa, América do Norte e Norte da África, aliada à infraestrutura logística consolidada e aos incentivos estruturados, permite projetar o Estado como um dos hubs mais promissores do Brasil para a economia do hidrogênio.

Fortaleza destaca-se como o principal hub de conectividade internacional do Brasil e da América Latina.
Sua localização geográfica estratégica, voltada para o Atlântico, aliada à infraestrutura instalada, fez da capital cearense o ponto de aterrissagem de dez cabos submarinos de fibra óptica. Esses cabos conectam diretamente o Brasil à América do Norte, Europa e África, assegurando ao Ceará uma posição privilegiada no tráfego global de dados.
Segundo a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), mais de 90% dos dados que entram no Brasil ou saem dele passam por Fortaleza antes de serem redirecionados para outros pontos do País.
Isso ocorre porque a capital cearense concentra sistemas de cabos como GlobeNet, EllaLink, Brusa, Monet, SAm-1, SACS e AMX-1, entre outros, que fazem a interligação direta do continente sul-americano com hubs tecnológicos internacionais.
Essa infraestrutura de alta capacidade reduz significativamente a latência e aumenta a velocidade de transmissão, o que atrai provedores de conteúdo, empresas de cloud computing, fintechs e operadoras de telecomunicações. Grandes players globais como Google, Meta, Amazon e Microsoft já utilizam ou operam estruturas em Fortaleza para roteamento e hospedagem de dados.
Complementando esse cenário, o Ceará dispõe da maior rede pública de banda larga do Brasil, o Cinturão Digital do Ceará (CDC), que atualmente possui 5.800 km de backbone de fibra ótica sob responsabilidade da Etice, e outros 10.350 km operados em parceria com empresas privadas, cobrindo os 184 municípios do Estado. Essa infraestrutura atende a mais de 80% da população urbana com acesso à internet de alta velocidade.
Além disso, provedores privados operam mais de 100 mil km de fibras ópticas no Estado, reforçando ainda mais a densidade e a capilaridade da malha de conectividade.
Essa rede paralela à infraestrutura pública possibilita redundância, maior segurança de rede e escalabilidade, sendo estratégica para atrair data centers, plataformas de inteligência artificial, operações bancárias digitais e estruturas corporativas distribuídas.
A conectividade proporcionada pelos cabos submarinos e pelo Cinturão Digital fortalece a posição do Ceará como destino estratégico para instalação de data centers, hubs de inovação e serviços digitais exportáveis.
Além disso, oferece vantagens operacionais para indústrias e instituições que dependem de baixa latência e alta disponibilidade de rede, como saúde digital, educação a distância, segurança pública e controle logístico.
O Cinturão Digital do Ceará (CDC) é considerado um dos maiores e mais sofisticados projetos públicos de infraestrutura de conectividade do Brasil.
Criado com a missão de democratizar o acesso à internet de alta velocidade e integrar os municípios cearenses à economia digital, o CDC tem evoluído de uma estrutura de rede física para um verdadeiro eixo de transformação territorial, sustentando políticas públicas, atração de investimentos e serviços baseados em dados.
Mais do que um backbone óptico, o CDC oferece suporte à operação de serviços públicos em larga escala. Escolas, hospitais, delegacias, centros administrativos e unidades do sistema de justiça utilizam a rede para acesso a sistemas em nuvem, videomonitoramento, integração de bases de dados e serviços remotos.
Em 2023, a rede já permitia o funcionamento simultâneo de mais de 2 mil escolas estaduais com conectividade estável, além de ser base para projetos de telemedicina e monitoramento urbano em regiões antes isoladas.
A infraestrutura também foi essencial para o avanço da cobertura 5G. A presença do CDC em todos os municípios ofereceu uma rota segura e de baixa latência para o tráfego de dados das novas antenas móveis.
Com isso, no fim de 2023, 120 municípios já contavam com cobertura 5G, e a projeção é atingir os 184 municípios cearenses até o fim de 2025, segundo dados da Etice e da Anatel.
Além do setor público, o CDC tem desempenhado papel estratégico na atração de empresas de tecnologia, call centers e operações de back office, especialmente em cidades de médio porte no interior.
A infraestrutura é capaz de operar em velocidades de até 10 Gbps, com latência inferior a 1 ms, o que posiciona o Estado para absorver tecnologias emergentes como internet das coisas (IoT), inteligência artificial e veículos autônomos.
A estabilidade e a alta capacidade da rede permitiram que essas localidades recebessem data centers de menor escala, estruturas de atendimento remoto e startups, contribuindo para a descentralização da economia digital e a geração de empregos qualificados fora da capital.
A operação do CDC é potencializada pela sinergia com a malha privada de mais de 100 mil km de fibras ópticas instaladas por operadoras no estado. Essa integração público-privada forma uma das malhas de conectividade mais densas do País, ampliando a cobertura, a redundância e a segurança.
Essa infraestrutura combinada permite que o Ceará ofereça conectividade estável mesmo em regiões de difícil acesso, suportando serviços críticos e atraindo investimentos em infraestrutura digital distribuída.
O avanço da rede também está ligado à expansão da capacidade técnica.
Em 2023, os enlaces principais já operavam com capacidade de 100 Gbps, e os investimentos em tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing) devem elevar esse limite para 400 Gbps até 2025, acompanhando o crescimento da demanda e a chegada de novos serviços baseados em nuvem e inteligência artificial.
O modelo de gestão do CDC combina liderança pública — exercida pela Etice — com operação descentralizada e parcerias técnicas com operadoras privadas.
Essa abordagem híbrida tem sido apontada como referência em outros estados e permite flexibilidade para expansão modular, manutenção permanente e atualização tecnológica contínua.
Em paralelo, o CDC tem viabilizado projetos de Wi-Fi gratuito em escolas e espaços públicos, além de fomentar a inclusão digital comunitária.
Outro aspecto relevante é a função estratégica que o CDC cumpre na resiliência das telecomunicações.
Em caso de falhas nos cabos submarinos ou em pontos de troca de tráfego nacionais, o Cinturão oferece rotas alternativas para manutenção de serviços críticos, integrando-se a data centers locais e aos sistemas de contingência das operadoras que atuam no estado.
A infraestrutura de transportes do Ceará tem passado por um processo de modernização e integração que reposiciona o Estado como elo fundamental entre o interior produtivo do Nordeste e os mercados internacionais.
Ao articular investimentos em portos, ferrovias, rodovias e aeroportos, o Estado constrói as bases de um sistema logístico intermodal com capacidade de suportar o crescimento de setores estratégicos como agronegócio, siderurgia, mineração, energia e economia digital.
Essa articulação tem resultado não apenas na melhoria da eficiência logística, mas também na atração de investimentos produtivos, geração de empregos e maior competitividade regional. A seguir, os principais eixos dessa reconfiguração logística.

O Ceará conta com dois principais terminais portuários estratégicos: o Porto do Pecém e o Porto de Fortaleza (Mucuripe), que operam de forma complementar e desempenham papel central na inserção do Estado nas cadeias logísticas nacionais e internacionais.
O Porto do Pecém é um terminal offshore de padrão internacional, situado em São Gonçalo do Amarante (CE), integrado ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) e à Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará).
Em 2024, o porto movimentou 17,4 milhões de toneladas, reforçando seu papel como principal plataforma logística do Estado.
As cargas mais relevantes incluem contêineres, minério de ferro, ferro e aço, e carvão mineral, evidenciando a diversidade de vocações industriais e exportadoras do terminal.
No mesmo ano, foi lançado o edital para a construção do Berço 11 no Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT), com investimento estimado em R$ 675 milhões. O novo berço será voltado à movimentação de amônia verde, consolidando o papel do Pecém como hub da nova economia energética.
O porto conta com dez berços e opera como um importante centro logístico conectado por sete rotas de cabotagem e três rotas de longo curso, sendo responsável por mais da metade das exportações do estado.
O Pecém também fortaleceu sua projeção internacional por meio de parcerias estratégicas. O Porto de Roterdã mantém participação de 30% na sociedade administradora e colabora na estruturação de corredores logísticos sustentáveis com a Europa, enquanto acordos com o Porto de Sines (Portugal) ampliam a conectividade com destinos prioritários para o agronegócio e o setor energético.
O Porto de Fortaleza, administrado pela Companhia Docas do Ceará, movimentou 4,2 milhões de toneladas em 2024, com destaque para a movimentação de contêineres, que alcançou 276 mil TEUs no ano. A infraestrutura urbana do porto passa por adaptações para ampliação da capacidade e do atendimento a embarcações de grande porte.
Entre as obras em discussão, estão melhorias para permitir a atracação de navios de até 366 metros de comprimento, o que também permitirá a retomada de cruzeiros internacionais no terminal.
A navegação por cabotagem complementa o sistema portuário cearense como alternativa eficiente para o transporte de cargas de longo curso dentro do País. Em 2024, cerca de 1 milhão de toneladas foram movimentadas por essa modalidade com origem ou destino no estado.
A cabotagem permite integração competitiva entre o Pecém e os polos industriais do Sudeste e Sul do País, com ganhos em escala, segurança e menor custo logístico.

A malha ferroviária do Ceará avança para se tornar um dos pilares estruturantes da logística integrada no Estado, com destaque absoluto para a implantação da ferrovia Transnordestina, maior projeto de transporte sobre trilhos em execução no Nordeste brasileiro.
Com aproximadamente 1.200 km de extensão total, a ferrovia ligará Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE), passando por importantes polos de produção agrícola e mineral no interior do Nordeste.
Desse total, mais de 530 km atravessam o território cearense, conectando o sertão ao litoral industrial do Estado. A previsão de conclusão do trecho cearense permanece para 2027, conforme os cronogramas atualizados da Transnordestina Logística S.A. (TLSA) e do Governo Federal.
Em 2024, foi celebrado um novo acordo de financiamento no valor de R$ 3,6 bilhões, permitindo a retomada plena das obras, com prioridade para o trecho cearense. As obras já avançam entre Missão Velha (CE) e o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, formando um eixo logístico de alta capacidade que impulsionará o escoamento de produtos agroindustriais e energéticos.
Com capacidade estimada para movimentar até 30 milhões de toneladas por ano, a Transnordestina terá papel central no transporte de soja, milho, fertilizantes, gesso, clínquer e combustíveis.
A ferrovia será o elo logístico entre os polos agrícolas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e o litoral exportador do Ceará. A lógica de circulação bidirecional inclui, de um lado, o envio de grãos para o Porto do Pecém; de outro, o transporte de amônia verde e fertilizantes nitrogenados, derivados da cadeia do hidrogênio, para o interior nordestino.
Esse arranjo consolida a ferrovia como vetor essencial da nova economia energética e agrícola, viabilizando sinergias operacionais com o porto, a ZPE e as zonas de desenvolvimento agroindustrial ao longo da linha férrea.
Além da função logística, a Transnordestina impulsiona um ciclo regional de desenvolvimento. A construção da linha já gerou milhares de empregos diretos e indiretos, especialmente nas cidades de Missão Velha, Iguatu, Quixeramobim, Quixadá e Caucaia, e deverá fomentar a instalação de terminais de transbordo, centros logísticos e armazéns voltados ao processamento e à distribuição de insumos.
Do ponto de vista técnico, a ferrovia se integrará de forma estratégica à malha rodoviária estadual e federal, por meio das BR-222, BR-116 e BR-020, reforçando o conceito de intermodalidade no escoamento de cargas.
Essa infraestrutura também representará uma transição significativa para um modelo logístico de menor impacto ambiental: atualmente, apenas 1% da carga transportada no Estado utiliza o modal ferroviário.
Com a entrada em operação da Transnordestina, esse índice tende a crescer substancialmente, promovendo maior eficiência, menor emissão de carbono e ganhos estruturais em escala nacional.
A infraestrutura ferroviária, historicamente marginal no contexto cearense, ganha com a Transnordestina o papel de alicerce de uma nova etapa de integração econômica, redução de desigualdades regionais e reindustrialização sustentável, conectando o interior produtivo ao mercado global por meio de um porto moderno, competitivo e cada vez mais estratégico.

A malha rodoviária do Ceará é um componente essencial da logística estadual, articulando centros de produção, polos industriais, zonas portuárias e mercados consumidores regionais e nacionais. Com uma posição geográfica estratégica, o Estado é cortado por importantes eixos federais e estaduais que viabilizam a circulação de mercadorias em larga escala, apoiando o agronegócio, a indústria e os serviços.
Em 2024, os investimentos federais em infraestrutura de transporte no estado somaram R$ 422,7 milhões, alocados em obras de duplicação, requalificação de pavimentos e melhoria de pontos críticos em diversas rodovias.
Entre as intervenções prioritárias, destaca-se a Travessia Urbana de Tianguá, fundamental para a ligação rodoviária do Ceará com os estados do Piauí e Maranhão, além de facilitar o acesso à Região Norte do Brasil.
As principais vias estruturantes incluem:
BR-116: principal eixo rodoviário do Nordeste, conecta Fortaleza ao Sudeste do País. Serve como rota de entrada e saída para cargas industriais, produtos agrícolas e mercadorias de comércio geral.
BR-222: eixo transversal que liga o Pecém ao norte do Piauí e ao Maranhão. É vital para o transporte de minério, grãos e combustíveis, além de operar como via de suporte à ferrovia Transnordestina.
BR-020: rota estratégica que interliga o sertão central cearense ao Distrito Federal e ao Centro-Oeste. Facilita o transporte de grãos e insumos agrícolas para o Pecém e contribui para a interiorização das cadeias logísticas.
Anel Viário de Fortaleza: fundamental para o escoamento da produção industrial e a movimentação de cargas entre o Porto do Pecém, o Aeroporto Internacional de Fortaleza e os polos logísticos da Região Metropolitana. Em processo de ampliação e modernização, o anel é peça-chave para aliviar o tráfego urbano e otimizar o transporte multimodal.
A sinergia entre rodovias, portos e ferrovias é fortalecida pela conexão direta da malha viária aos corredores de exportação. Muitas das rotas estaduais que convergem para o Cipp e os polos agroindustriais do interior também passam por obras de modernização, garantindo maior fluidez, segurança e redução de custos operacionais.
O papel das rodovias também se estende ao suporte da economia regional. O transporte de produtos hortifrutigranjeiros, têxteis, combustíveis, cimento, gesso e manufaturados depende, em sua maioria, de rotas rodoviárias eficientes. Em especial, o agronegócio da Chapada do Apodi, da Serra da Ibiapaba e do Cariri tem se beneficiado de melhorias contínuas em acessos, pontes e sinalização.
Além disso, o Estado tem investido em programas de manutenção preventiva e infraestrutura resiliente, preparando a malha rodoviária para resistir às mudanças climáticas e aos eventos extremos, como chuvas intensas e secas prolongadas — fatores recorrentes no semiárido cearense.
Ao consolidar a malha rodoviária como elo integrador entre o interior produtivo, os centros logísticos e os mercados de consumo, o Ceará amplia sua capacidade de inserção competitiva nos fluxos comerciais do país.
A modernização das rodovias não só reduz gargalos logísticos, como também fortalece a conectividade com outros modais, apoiando um modelo de desenvolvimento descentralizado e de longo prazo.

O Aeroporto Internacional de Fortaleza – Pinto Martins consolidou-se como o principal terminal aéreo de cargas do Norte-Nordeste. Em 2023, atingiu o recorde de 62,7 mil toneladas movimentadas, com crescimento de 55,5% em relação ao ano anterior.
A infraestrutura do terminal permite a operação de aeronaves de grande porte e conexões diretas com mercados da Europa e das Américas, favorecendo o transporte de produtos de alto valor agregado, como medicamentos, eletrônicos, peças automotivas e perecíveis.
A estrutura logística inclui o Terminal de Cargas (Teca), com padrão alfandegado e infraestrutura especializada, utilizado por operadores nacionais e internacionais como plataforma de redistribuição para outras regiões do país.
A conectividade com o Porto do Pecém e as principais rodovias fortalece a intermodalidade e a competitividade da cadeia logística. No interior do Estado, avança o projeto de implantação de um terminal de cargas no Aeroporto Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, com foco no escoamento de produtos industriais, alimentícios e farmacêuticos.
A medida visa descentralizar a logística aérea e impulsionar o desenvolvimento da macrorregião sul, promovendo integração com polos produtivos e serviços de courier.
A expansão da malha aeroportuária do Ceará, combinada à infraestrutura rodoviária e portuária, posiciona o Estado como um hub logístico de alta performance no Atlântico Sul, com capacidade para atrair investimentos, impulsionar exportações e apoiar cadeias produtivas baseadas em agilidade e valor agregado.
O Ceará tem ainda dez aeroportos estaduais. Dois deles foram incluídos no pacote de concessões federais chamado ampliAR: Jericoacoara, em Cruz e Aracati. Os demais oito ficam em cidades do interior e o governo discutiu, em julho de 2025, como tocar a gestão.
São eles Camocim, Campos Sales, Crateús Iguatu, Quixadá, São Benedito, Sobral e Tauá.

O Ceará desenvolve um ecossistema de infraestruturas complementares que fortalece setores como energia renovável, mineração, agronegócio, siderurgia e logística internacional.
Esses ativos de base são decisivos para viabilizar operações industriais de grande porte, garantir resiliência produtiva e ampliar a capacidade do estado como plataforma exportadora e polo de inovação.
Na área energética, o Estado concentra mais de 100 parques eólicos em operação, com capacidade instalada de 2.577 MW, além de 72 novos projetos já contratados ou em construção, somando 2.876 MW adicionais. Há ainda forte expansão de usinas solares, compondo uma matriz elétrica essencialmente limpa.
Para atender a essa demanda crescente, especialmente no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) e na nova ZPE II, a Enel Distribuição Ceará anunciou investimentos de R$ 7,4 bilhões entre 2025 e 2027, com foco na instalação de subestações e linhas de transmissão de alta tensão.
A segurança hídrica também tem sido tratada como prioridade. O Estado opera um sistema integrado de açudes, canais e adutoras, fundamentais para o abastecimento urbano, agrícola e industrial.
Estão em curso estudos para a instalação de plantas de dessalinização, voltadas sobretudo ao suprimento de água para a produção de hidrogênio verde — processo altamente dependente do insumo hídrico.
Além disso, a expansão de perímetros irrigados em regiões como o Baixo Acaraú, Chapada do Apodi e Vale do Jaguaribe sustenta o avanço de cultivos voltados à exportação, incluindo frutas, grãos e projetos pioneiros de produção de cacau.
O setor mineral também se estrutura com maior densidade logística. O projeto de Santa Quitéria, que abriga o maior depósito de urânio do País, obteve aprovação da Comissão Nacional de Energia Nuclear para iniciar o processamento do insumo.
Em paralelo, uma empresa canadense investe na exploração de platina e paládio, exigindo infraestrutura adequada para transporte e armazenamento com padrões internacionais de segurança e controle ambiental.
Em 2024, o setor mineral exportou US$ 42,2 milhões, com expectativa de crescimento à medida que novos polos se conectam à malha ferroviária e portuária do Estado.
No agronegócio, o Ceará avança na modernização da infraestrutura de suporte à produção e exportação.
O Plano Safra destinou R$ 1,8 bilhão à agricultura familiar, enquanto o programa “Hora de Plantar” recebeu R$ 35 milhões em 2024. Ao mesmo tempo, o Estado amplia sua base produtiva com novos projetos no Baixo Acaraú e nas regiões do Cariri e da Ibiapaba.
O Grupo M. Dias Branco, com sede no Estado, atua como referência no setor agroindustrial nacional.
A logística dessas cadeias está sendo integrada aos corredores de exportação por meio de acesso a rodovias, estradas vicinais e hubs logísticos próximos à Transnordestina e ao Porto do Pecém, com impacto direto na competitividade de frutas, grãos e insumos agroindustriais.
A indústria do aço também exerce papel central na matriz produtiva do Ceará. A operação da ArcelorMittal no Cipp, com capacidade para 3 milhões de toneladas de chapas de aço por ano, e o Grupo Aço Cearense, com produção de 1,4 milhão de toneladas, consolidam o Estado como líder nacional em produção de aço bruto.
As exportações do setor somaram US$ 535,39 milhões até setembro de 2024, com escoamento prioritário via Porto do Pecém. Por fim, a internacionalização da infraestrutura se intensifica.
A parceria com o Porto de Sines, em Portugal, estabelece corredores sustentáveis para exportação de hidrogênio verde, combustíveis sintéticos e commodities.
A localização geográfica do Ceará também facilita a articulação com rotas transoceânicas via Canal do Panamá, projetando o Estado como nó logístico do Atlântico Sul e ampliando seu raio de influência sobre mercados da Europa, Ásia e América do Norte.
O fortalecimento da infraestrutura energética, logística, digital e de suporte produtivo projeta o Ceará como uma das regiões mais estratégicas do país.
O Estado se destaca como plataforma emergente para cadeias globais de valor, ancorando seu protagonismo na transição energética, na exportação agroindustrial e na conectividade de dados.
A consolidação de Fortaleza como hub de dados da América Latina, combinada à expansão da malha logística — com destaque para o Porto do Pecém, a Transnordestina e a infraestrutura aeroportuária — amplia a competitividade regional, deslocando fluxos e centros de decisão tradicionalmente concentrados no Sudeste.
O avanço da cadeia do hidrogênio verde, com projetos industriais de larga escala, e a expansão de ativos como parques eólicos, polos minerais e perímetros irrigados, reforçam o posicionamento do Ceará como território de inovação climática, exportação de commodities limpas e reindustrialização com sustentabilidade.
Com a articulação entre diferentes esferas de governo, setor privado e instituições multilaterais, o Estado passa a reunir condições para liderar novos arranjos produtivos integrados e diversificados, conectando o interior ao litoral e o Nordeste ao mundo.
O Ceará reúne fundamentos estruturais que o colocam em vantagem competitiva para investimentos em energia renovável, infraestrutura logística, inovação e indústria de baixo carbono.
A matriz elétrica limpa, a base regulatória estável e a presença de grandes projetos em hidrogênio verde, portos, mineração e tecnologia são vetores de atração de capital.
A conectividade internacional por meio de dez cabos submarinos e o Cinturão Digital — com cobertura em todos os municípios — sustentam operações digitais intensivas, data centers, empresas de tecnologia e serviços em rede.
A presença de grandes players globais valida esse potencial.
A infraestrutura logística em curso — como o novo berço no Porto do Pecém e a retomada da Transnordestina — amplia o raio de alcance para o Matopiba, viabilizando o escoamento de grãos, fertilizantes e produtos industriais.
As conexões com portos como Roterdã e Sines ampliam as possibilidades para exportação estratégica.
Embora parte dos ativos ainda esteja em implantação, o ambiente institucional, os incentivos fiscais e a articulação com organismos de fomento sinalizam uma agenda coordenada de crescimento sustentável.
O Ceará se apresenta como destino promissor para investimentos com visão de médio e longo prazo.