A cidade de Fortaleza, maior economia do Nordeste e 8ª do Brasil, é também a quarta maior cidade do Brasil em população, com mais de 2,5 milhões de habitantes, segundo estimativas do IBGE em 2024. Trata-se de uma cidade de contrastes: dinâmica, criativa, com forte apelo turístico e potência econômica regional, mas ainda marcada por desigualdades estruturais. O fortalecimento das receitas próprias, a inovação na gestão pública e os investimentos em educação, infraestrutura e segurança alimentar são caminhos fundamentais para consolidar uma cidade mais justa, resiliente e preparada para os desafios do século XXI.
A intensa atividade no setor de serviços merece destaque, já que responde por aproximadamente 80% do PIB da cidade. Neste terceiro setor, a vocação turística, a infraestrutura urbana consolidada e as políticas públicas voltadas para mobilidade urbana, saúde da família e educação básica são as referências. Como grandes desafios sociais, destacam-se a desigualdade de renda, a precariedade habitacional em periferias e a persistência de bolsões de pobreza em regiões vulneráveis. Na Educação, a taxa de alfabetização da população adulta é de 95%, mas persiste o desafio de melhorar a qualidade da aprendizagem: segundo a avaliação do Saeb (2023), apenas 32% dos alunos do 9º ano atingiram o nível adequado em matemática.
O encerramento da gestão municipal de 2024 ficou marcado pela incerteza acerca da situação fiscal da cidade, cujas evidências na área da Saúde e na administração em geral com contratos e fornecedores sugeriam fragilidade. A perda do direito de obter garantias da União em eventuais realizações de operações de crédito, confirmada por meio da Nota “C” na classificação Capag da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), atestou o cenário fiscal adverso para as contas públicas da Capital, tendo o elevado custeio do setor público como fator determinante, já que a arrecadação própria e a receita de transferências apresentaram crescimento em termos reais em 2024.
A Tabela 1 a seguir apresenta a evolução recente da arrecadação dos impostos municipais na cidade de Fortaleza. Constata-se um crescimento médio anual de 16,7% na arrecadação do ISS entre 2021 e 2024, contra apenas 5,3% do IPTU, cuja base de cálculo é corrigida pelo IPCA-E, e 2,0% do ITBI, em virtude do mau desempenho do mercado imobiliário em 2022, quando foi observada uma redução de 9,4% na arrecadação do ITBI ante 2021.
Tabela 1: Principais fontes de receita da cidade de Fortaleza, de 2022 a 2024
| Principais Receitas | 2022 | 2023 | 2024 |
| ISS | 1.207,65 | 1.515,35 | 1.625,90 |
| IPTU | 729,63 | 792,18 | 792,50 |
| ITBI | 154,77 | 170,33 | 179,60 |
| Total Impostos Próprios | 2.092,05 | 2.477,86 | 2.598,00 |
Fonte: Portal da Transparência de Fortaleza.
A trajetória recente de crescimento do ISS elevou a sua representatividade na arrecadação própria para mais que o dobro da participação do IPTU, enquanto o ITBI apresentou perdas em termos reais.
Os cinco setores que mais contribuíram com a arrecadação do ISS em 2024 foram:
Entre os maiores contribuintes do ISS em Fortaleza no ano de 2024, destacam-se as seguintes empresas da área de tecnologia, bancos, telecomunicações e serviços hospitalares privados:
A Lei Orçamentária Anual (LOA) da cidade de Fortaleza para o ano de 2025 apresenta previsões conservadoras em relação às fontes de receita pública, com uma Receita Corrente da ordem de R$ 13,7 bilhões, sendo 37,7% arrecadado no município, onde o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) se mostra como a principal fonte de receita própria. Além dessa importante fonte de recursos correntes, estima-se que 59,1% da receita seja transferida de outras esferas e 3,2% advindos de outras receitas correntes, como dividendos, compensações, entre outras. O Gráfico 1 detalha a distribuição estimada da receita corrente municipal para 2025.
Na rubrica de receitas de capital, mesmo com a Nota C na Capag-STN, o município prevê ainda Operações de Crédito da ordem de R$ 954,1 milhões e um total de Receita de Capital de R$ 984,0 milhões.