O Geopark Araripe é o primeiro Geoparque Unesco das Américas e do Hemisfério Sul. Ele integra a Rede Global de Geoparques desde 2006, ano de sua fundação, sendo o primeiro da América Latina a obter esse título. Sua criação visa preservar e promover o conhecimento científico, a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável da região.
De acorco com o diretor do Geopark Araripe, Eduardo Guimarães, as missões do equipamento científico-cultural "vem sendo a de salvaguardar o patrimônio, material e imaterial do território, fomentar o desenvolvimento e criar oportunidades para comunidade, por exemplo, a partir de seu sólido programa de Bolsas gerido pela Universidade Regional do Cariri". A Unesco reconhece 229 Geoparques Mundiais em 50 países. Atualmente, o Brasil conta com outros cinco geoparques.
A criação do Geopark Araripe contou com o apoio institucional das seguintes entidades: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência e Tecnologia (Cetem) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais não Renováveis (Ibama), além de outras ONGs regionais e as municipalidades.
O Geopark Araripe está situado na Chapada do Araripe, abrangendo uma área de aproximadamente 3.789 km² (IBGE/Funceme, 2001). Esse território é cerca de 17% do tamanho de Sergipe. Ele se estende pelos seguintes municípios do Cariri cearense: Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.
Este território está inserido em uma região caracterizada pelo importante registro geológico do período Cretáceo, com destaque para seu conteúdo paleontológico, com registros entre 150 e 90 milhões de anos, que apresenta um excepcional estado de preservação e revela uma enorme diversidade paleobiológica.
Para o Ceará, o Geopark Araripe tem potencial para se tornar um polo de turismo e desenvolvimento sustentável, gerando oportunidades econômicas e promovendo a valorização do patrimônio natural e cultural da região. No campo da ciência, a área é um verdadeiro laboratório a céu aberto, especialmente para a paleontologia, devido às ricas jazidas fossilíferas da Bacia do Araripe. Os registros fósseis datam do período Cretáceo e revelam espécies extintas de grande valor científico.
Há milhões de anos, o Ceará foi a morada de seres pré-históricos cuja presença pode ser percebida ainda hoje. Dividido em 11 geossítios, o Geopark Araripe é mais que um parque geológico. É a memória da vida que habitou o planeta e deixou elementos que fazem do território um verdadeiro patrimônio histórico não só nacional, mas mundial.
Primeiro da América Latina e Caribe, o Geopark Araripe abriga registros geológicos, com fósseis de seres que habitaram a região entre 100 milhões e 120 milhões de anos atrás. Ainda hoje, é possível visualizar materiais em notável estado de preservação. Os registros contemplam uma enorme diversidade paleobiológica, que vai desde animais invertebrados a seres vertebrados, passando por vegetais que compuseram a paisagem do planeta em eras passadas.
Os fósseis encontrados no Geopark Araripe são considerados alguns dos mais bem preservados do mundo. A região abriga peixes, insetos, plantas, dinossauros e, principalmente, pterossauros, que fornecem informações valiosas sobre a fauna e flora do período Cretáceo. Graças a esses achados, cientistas conseguem reconstruir ecossistemas antigos, estudar a evolução das espécies e entender mudanças climáticas ao longo dos milênios. O Geopark Araripe é, portanto, uma referência internacional em paleontologia, atraindo pesquisadores do mundo inteiro.
O Geopark Araripe é estruturado em 11 geossítios principais, que incluem:
Entre as espécies mais notáveis da fauna, estão o soldadinho-do-Araripe (Antilophia bokermanni), ave exclusiva da região e altamente ameaçada de extinção. A flora conta com diversas espécies de bromélias, orquídeas e a emblemática carnaúba (Copernicia prunifera), árvore de grande valor econômico e cultural no Ceará.
O símbolo do Geopark Araripe é o pterossauro Anhanguera blittersdorffi, uma espécie de réptil voador que habitava a região há cerca de 110 milhões de anos. Ele representa a riqueza paleontológica do local e a importância dos fósseis encontrados na região.
O Geopark Araripe segue sendo um modelo de preservação e conhecimento científico, unindo história, educação e sustentabilidade em um dos territórios mais fascinantes do Brasil.
O símbolo do Geopark Araripe é uma libélula fossilizada, especificamente o fóssil Cordulagomphus fenestratus, que é também o símbolo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens em Santana do Cariri. Este fóssil é um dos mais impressionantes e representa a riqueza paleontológica do local, incluindo a formação da Chapada do Araripe, que abriga a maior concentração mundial de vestígios de pterossauros.
– Proteger e conservar os sítios de maior relevância geológica/paleontológica, territorialmente denominados geossítios;
– Proporcionar à população local e aos visitantes oportunidades de conhecer e compreender tanto os contextos científicos das várias eras geológicas (Pré-Cambriano, Paleozoico e Mesozoico) bem como de outros enquadramentos regionais importantes, como o complexo cultural do Cariri e o ecossistema ambiental da região;
– Possibilitar o conhecimento e a divulgação dos registros arqueológicos de povoamento ancestral da região;
– Intensificar relações com todo um espectro de atividades (científicas, culturais, turísticas e econômicas), com ênfase na história evolutiva da Terra e da Vida;
– Divulgar a história da ocupação do território, a cultura regional e suas manifestações, e as formas de utilização sustentável dos recursos naturais na região;
– Promover a inclusão social para além da proteção e promoção dos registros geológicos, paleontológicos, antropológicos, ambientais, paisagísticos e culturais, considerando a participação da sociedade como um dos pilares do desenvolvimento do Geopark Araripe enquanto território de ciência, educação e cultura;
– Incentivar um turismo de qualidade, baseado nas múltiplas valências do território, por meio de uma estratégia de promoção e divulgação de nível internacional;
– Cooperar em articulação estreita com os stakeholders e os poderes públicos municipal, estadual e federal, de forma a garantir um contínuo desenvolvimento do território.
Endereço: Rua Carolino Sucupira, s/n – Pimenta, CEP 63105-000.Crato (CE).
Telefone: (88) 3102 1237
O professor Eduardo Guimarães foi eleito coordenador da Rede Brasileira de Geoparques, com aprovação unânime. A Rede Brasileira de Geoparques Mundiais da Unesco (RBGp) é uma organização que congrega os Geoparques Mundiais da Unesco (GMUs) do Brasil, promovendo a integração e a colaboração entre esses territórios.
A Rede atua como parte da Rede Global de Geoparques (GGN) e mantém vínculos com a Rede de Geoparques da América Latina e Caribe (GeoLAC). Seu objetivo principal é fortalecer a cooperação entre os geoparques brasileiros e iniciativas conjuntas que valorizem o patrimônio geológico, cultural e natural, promovendo o desenvolvimento sustentável dos territórios envolvidos.
Confira nosso especial sobre o Geopark Araripe
O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens da Universidade Regional do Cariri (Urca) foi fundado em 1985 pela Prefeitura de Santana do Cariri. Em 1991, o Museu foi doado à Urca, passando a integrar a estrutura da Universidade como núcleo de pesquisa e extensão.
A partir de 1997, por meio do projeto de implantação do Complexo Paleontológico da Chapada do Araripe, o Museu tornou-se propulsor da pesquisa paleontológica, na divulgação da ciência e no apoio à cultura do Cariri. O equipamento também possui acervo bibliográfico especializado (Geologia, Biologia, Paleontologia, Química, Física, entre outros), centro de intercâmbio científico, videoteca e recursos audiovisuais.
O Museu de Paleontologia mantém projetos de escavações permanentes de fósseis em toda a Bacia do Araripe bem como coleta sistemática de fósseis nas frentes de escavações do calcário laminado, nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri. Esse programa é a principal ferramenta contra a exploração clandestina e o tráfico de fósseis na região. O museu recebe, em média, 2.000 visitantes por mês, sendo um dos principais centros de visitação da região do Vale do Cariri.
Seu atual acervo abriga vários grupos de fósseis, sendo que seus maiores representantes são: troncos petrificados (por silicificação), impressões de samambaias, pinheiros e plantas com frutos; moluscos, artrópodes (crustáceos, aranhas, escorpiões e insetos); peixes (tubarões, raias e diversos peixes ósseos), anfíbios e répteis (tartarugas, lagartos, crocodilianos, pterossauros e dinossauros). Todo esse material fossilífero é proveniente, principalmente, das Formações Missão Velha e Santana (membros Crato, Ipubi e Romualdo) da Bacia do Araripe.
O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens da Urca está aberto de terça a sábado, das 9h às 16h, e no domingo, das 9h às 14h. Para visitas em grupo deverá ser feito agendamento prévio à administração do Museu.
ONDE FICA LOCALIZADO O MUSEU DE PALEONTOLOGIA
Endereço: Rua Plácido Cidade Nuvens, 326. CEP: 63190-000. Santana do Cariri (CE)
Telefone: (88) 3545 1206