Usina de Quixadá será desativada em novembro

Saída da empresa da produção de biocombustíveis acelerou o encerramento das atividades. Petrobras diz que unidade é deficitária
16:43 | 11 de out de 2016 Autor: Anuário do Ceará
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Usina de Quixadá foi inaugurada em 2008, com investimento de R$ 76 milhões

A Petrobras decidiu encerrar as atividades da usina produtora de biodiesel em Quixadá no dia 1º de novembro. A saída deve-se à decisão anterior da empresa de sair do setor de biocombustíveis, comunicada no mês passado. A empresa informou que a desmobilização levará seis meses e será realizada por uma equipe multidisciplinar. “Os empregados próprios serão transferidos para as outras duas unidades da Petrobras Biocombustível e os empregados cedidos serão realocados em outras unidades da Petrobras”, disse a companhia.


Em comunicado à imprensa, a Petrobras afirmou que a unidade do Ceará é deficitária. “Considerando que de acordo com as projeções, não haveria uma solução para a usina em curto prazo e sem novos investimentos, o Conselho de Administração da Petrobras Biocombustível optou por encerrar a produção de biodiesel no Ceará e assim focar recursos em projetos com maior rentabilidade”.


A unidade de Quixadá foi inaugurada em agosto de 2008 com investimento de R$ 76 milhões. Aproximadamente 9 mil agricultores familiares faziam parte do programa de suprimento agrícola para produção da mamona, matéria-prima da usina. A capacidade da fábrica é de 108,6 milhões de litros de biocombustível por ano. A Petrobras não informou ao O POVO a quantidade de biocombustível produzida na fábrica de 2008 a 2017 ou quantos trabalhadores serão realocados para outras unidades .

As usinas de Montes Claros (MG) e a de Candeias (BA) continuarão a operar normalmente. No entanto, a Petrobras estuda alternativas para as unidades, alinhadas com as metas do seu Plano de Negócios.


Valor de mercado

A paralisação das atividades e consequente desmonte dos equipamentos pode ser prejudicial para Petrobras. Assim avalia Bruno Iughetti, consultor da área de Petróleo e Gás, sobre o futuro da estatal. Segundo ele, o mais prudente seria colocar o ativo à venda. “Poderia dar continuidade à produção do biodiesel de maneira mais eficiência. Não perderia a infraestrutura existente ou a mão de obra”, afirma. A projeção é que a Petrobras finalize o desmonte ou transfira o ativo para a iniciativa privada até o fim do primeiro trimestre de 2017.


A operação em Quixadá, avalia, não vingou por dois fatores. “A agricultura familiar não se desenvolveu, pois não havia mamona suficiente. E o biodiesel fabricado não atende às especificações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis)”.


A viscosidade do óleo da matéria-prima varia entre 20 a 30 milímetros (mm) por segundo. Os valores superam os limites permitidos na resolução nº 7/08 da ANP, que estabelece entre 3 e 6 milímetros.


A empresa também mira desativar os poços de petróleo no Estado. “Acredito que ela repasse para empresas pequenas e médias da área de prospecção. Esses poços são pouco produtivos e não valem o custo da operação”, finaliza.


SAIBA MAIS

Processo inviável

Em 2009, o Ceará tinha 21 mil produtores de mamona. A produtividade era de 400 quilos por hectare, número considerado inviável economicamente para a manutenção da operação.

Na usina, a Petrobras utiliza principalmente sementes de soja e algodão importadas da Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais e Piauí para seguir com a produção. O prejuízo anual girava em R$ 17 milhões e a estatal iniciou um processo de redução de funcionários em março

deste ano.

Editorial publicado pelo O POVO aborda o assunto. Leia mais...