Seto​res de comércio, construção, alimentação e alojamento foram os mais afetados até maio

Os setores de administração pública e de agricultura foram os menos impactados pela atual crise
15:11 | 06 de jul de 2020 Autor: Joelma Leal

O conjunto de medidas para conter a disseminação do novo coronavírus afetou fortemente a população ocupada no Brasil, principalmente, a partir de abril deste ano. A análise dos registros administrativos para o setor formal revela um impacto negativo de forma generalizada, cuja intensidade variou ao longo dos segmentos. Os setores de alimentação e alojamento, em termos relativos, foram os mais afetados, seguidos pelo setor de construção. Já os setores de administração pública e de agricultura foram os menos impactados pela atual crise.

As conclusões fazem parte do estudo
A
evolução do emprego setorial em 2020: Quão heterogêneo foi o tombo entre os setores?
, divulgado nesta segunda-feira, 6, pelo Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A pesquisa
destaca
que, até aqui, a contração nas admissões teve maior relevância que o aumento dos desligamentos para a queda no emprego formal, na maior parte dos setores. Os setores de alojamento e alimentação foram
os que registraram
o pior resultado no crescimento líquido do emprego, justamente por terem
sido uma exceção e terem ajustado o emprego nas duas margens, tanto nas admissões como nos desligamentos.

​Os pesquisadores avaliaram
os efeitos das medidas de contenção da pandemia sobre o nível do emprego setorial, a partir do cruzamento de informações dos registros administrativos de admissões e desligamentos do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), além de pedidos do seguro-desemprego e informações sobre abertura de empresas no estado de São Paulo. A análise também incorporou o segmento informal da economia a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do IBGE.

O estudo contempla setores como comércio, construção, serviços domésticos, administração pública, indústrias extrativas, educação, saúde, cultura, transporte, atividades imobiliárias, científicas e técnicas, agricultura e pecuária, além de alojamento e alimentação. Pelos dados da Pnad Contínua, no trimestre terminado em abril, a população ocupada no país diminuiu 3,1 milhões em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. Os dados do Caged mostraram, no acumulado de 2020, um saldo negativo de mais de 700 mil empregos formais.

As informações sobre o setor formal indicaram forte retração do emprego, com ritmo ditado pela queda das taxas de admissão na maior parte dos setores.
Os segmentos de comércio,
reparação de veículos e indústria da transformação, por exemplo, contrataram, respectivamente, menos 200 mil e 100 mil trabalhadores, em abril e maio, na comparação com 2019.
A boa notícia é que, de uma forma geral,
as admissões registradas em maio deste ano foram superiores às de abril, com exceção dos setores de educação, saúde, arte e cultura.