Jornalista Fábio Campos escreve sobre as teorias da conspiração e o futuro da Lava Jato, após a morte de Teori

O ministro Teori Zavasck faleceu na tarde de 19 de janeiro, em acidente de avião, no Rio de Janeiro
16:33 | 20 de jan de 2017 Autor: Joelma Leal

Imediatamente após o anúncio da morte do ministro Teori Zavasck, as redes sociais passaram a abrigar todo tipo de teoria da conspiração. Teses de atentado em profusão por causa das investigações da Operação Lava Jato, que tinha no ministro o seu relator no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF).

É fundamental que as investigações do acidente com o avião sejam profundas e criteriosas para que não restem dúvidas acerca dos acontecimentos.

Porém, não há muita lógica na linha de raciocínio que prega conspirações. Afinal, o mais provável é que os processos que estavam sob a responsabilidade de Teori sejam redistribuídas por sorteio. Ou seja, o processo da Lava Jato pode cair nas mãos de qualquer um dos ministros, incluindo os radicais rivais Ricardo Lewandowisk e Gilmar Mendes.

Há também a possibilidade da Lava Jato ficar nas mãos do novo ministro que será indicado pelo presidente Michel Temer e passará pelo crivo do Senado. Qualquer que seja o caso, abrirá espaços para muitas controvérsias na ainda inflamada política brasileira.

O fato é que a Lava Jato chegava ao seu momento mais delicado. É que Teori se preparava para homologar a delação premiada da Odebrecht, prevista para a primeira quinzena de fevereiro.

O ministro tinha 68 anos de idade. Formado em direito pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 1972, Teori foi ministro do Superior Tribunal de Justiça entre 2003 e 2012. Em novembro de 2012,  assumiu a vaga de ministro do STF após a indicação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A expectativa de investigadores era de que o ministro retirasse o sigilo dos cerca de 900 depoimentos tão logo as delações fossem homologadas. É quase certo que a homologação seja adiada.

Seja qual for o caminho adotado pelo STF, o papel da presidente do Supremo, Carmen Lúcia, será relevante. A Corte está em recesso e só voltará a trabalhar em 1º de fevereiro. Há, evidentemente, um senso de urgência para dar um rumo à questão.