Uma História de Ferro e Aço

conteúdo do destaque do especial história do ferro e aço

Capítulo Especial 2016-2017

Uma História do Ferro e Aço


O ano de 2016 é um marco na história do ferro e do aço no Ceará. É quando entra em operação o maior investimento privado do País hoje, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), resultado de investimento de aproximadamente US$ 5 bilhões. A usina foi projetada para produzir placas de aço e inaugura uma nova era ao consolidar o sonhado polo metalomecânico. Neste capítulo especial, o Anuário remonta primórdios e mira no futuro a se construir com a CSP como âncora.


Arquitetura com Aço

Uma realidade no Ceará


O PROFESSOR-DOUTOR ROMEU DUARTE JÚNIOR (UFC) E A REPÓRTER ISABEL FILGUEIRAS (O POVO) CONTAM ESTA HISTÓRIA.


Terminal de Passageiros do Porto do Mucuripe, em Fortaleza.

A construção metálica na Europa do século XIX

O conhecimento das transformações propiciadas pela Revolução Industrial na passagem do século XVIII para o XIX, durante toda esta centúria e no início do século XX, inicialmente na Europa e depois em todo o mundo, constitui-se na base para entender o desenvolvimento da arquitetura metálica no Brasil, notadamente a do ferro. Essa expressão liga-se também à estilística do Ecletismo¹, à simbologia do progresso em chave positivista e, inevitavelmente, às relações de dominação político-econômica estabelecidas, no período assinalado, entre as nações industrializadas e hegemônicas do capitalismo industrial, europeias e promotoras da segunda globalização, e aquelas dependentes dessa condição, situadas na África, na Ásia e na América do Sul. Segundo Gomes (1987, p. 178),


a Europa foi o referencial cultural essencial do Brasil até o século XIX. A maior facilidade de comunicação e a dependência econômica do país em relação ao capital industrial europeu engendraram, no século XIX, o servilismo cultural (…) O Ecletismo, enquanto atitude, comportamento ou estilo, começou a se manifestar na Europa ainda na primeira metade do século XIX (…) A Revolução Industrial fez emergir o problema da forma compatível com a nova sociedade. A busca desse novo vocabulário formal foi a tônica de todos os movimentos culturais do século XIX.


Igualmente esclarecedora é a afirmação de Lemos (1987, p. 70): “Ecletismo é a linguagem eufórica da liberdade calcada na nova tecnologia”.


Em termos de arquitetura e espaço urbano, as construções metálicas resultam da aliança estabelecida entre as novas tecnologias construtivas e os novos programas edilícios. No século XIX, a pré-fabricação em ferro fundido já era uma realidade na Europa, ao passo que as cidades aumentavam as suas superfícies e as suas populações no mesmo ritmo veloz da implantação dos sistemas de abastecimento d’água, esgotamento sanitário e iluminação pública, dos caminhos ferroviários e das rodovias e dos grandes equipamentos urbanos. Numa palavra: as velhas urbes europeias assistiam às suas provectas estruturas serem abaladas pela intensa movimentação das grandes aglomerações humanas. Tido erroneamente por uns como a época do “baile de máscaras da arquitetura” (PEVSNER, apud GOMES, 1987, p. 179), o século XIX presenciou tanto os progressos alcançados nos campos do ensino profissional técnico, do aperfeiçoamento dos sistemas de construção tradicional e da criação de novos sistemas construtivos quanto a fundação de uma nova disciplina, voltada ao desenho da nova cidade industrial, à qual Ildefons Cerdಠdará o nome de urbanismo.


As Exposições Universais, iniciadas com a de 1851 em Londres, a qual teve como destaque o magnífico Palácio de Cristal projetado por Sir Joseph Paxton, e que tiveram seu ápice na de 1889, realizada em Paris, realçada pela inauguração das estruturalmente arrojadas Galeria das Máquinas e Torre Eiffel, foram os eventos que divulgaram mundialmente a arquitetura do ferro e o Ecletismo. Logo em seguida, esta manifestação arquitetônica entra em declínio, gerado pelo divórcio entre o rápido aperfeiçoamento técnico das construções e a cultura clássica tradicional (BENEVOLO, 1976, p. 148). As vanguardas artísticas do início do século XX já deixavam entrever seu plano: “criar uma nova linguagem independente dos modelos históricos, que se contraporá com êxito aos estilos tradicionais”. (BENEVOLO, 1976, p. 152). Importado como símbolo de progresso e ostentação pelos países que constituíam a então periferia do capitalismo, reféns da segunda tentativa de mundialização do capital pelas nações centrais, o Ecletismo, expondo em seu bojo as novas tecnologias construtivas e sua ornamentação pesada, “sobreviverá ainda por muitas décadas, mas destituído de toda a sustentação anterior, sendo impelido para posições sempre mais retrógradas” (BENEVOLO, 1976, p. 152).


A Arquitetura Metálica no Brasil

Primórdios


A passagem do Ecletismo e, de modo especial, a arquitetura do ferro, dá-se na virada do século XIX para o XX no Brasil cujas cidades, fossem elas pequenas ou grandes, foram todas plasmadas pelo risco português e a adoção dos programas edilícios lusitanos, aqui submetidos ao clima e aos materiais e técnicas construtivas autóctones, e erigidos pelo braço escravo. Essa condição fez com que Louis Léger Vauthier, autor do célebre Casas de Residência no Brasil (1840-1846), afirmasse, ao constatar, nos sobrados recifenses de meados do século XIX, que a escassa paleta e técnicas e materiais de construção dava como resultado paisagens urbanas homogêneas e arranjos espaciais repetidos à exaustão: “Essa forma rígida, esse tipo único, comprimida a largura, não se presta a nada, bem o compreendeis, a uma grande variedade de disposições internas. Assim, quem viu uma casa brasileira, viu todas” (VAUTHIER, 1975, p. 37).


A introdução da arquitetura do ferro, no País, deu-se inicialmente em localidades mais aquinhoadas em termos de melhores condições econômicas, favorecidas por uma comunicação mais eficiente com os centros do poderio político-econômico mundial existente à época. Conhecer esse processo, em suas vertentes regionais, é a chave para a constatação do sucesso que a arquitetura metálica alcançou em seus primeiros dias no Brasil.


Em São Paulo, a economia do café, base para a ascensão do Estado ao patamar de centro político e financeiro nacional, lastreou a sua súbita riqueza e a abundância de meios materiais para a construção, com realce para a rede de caminhos ferroviários, as edificações industriais e os edifícios pré-fabricados com estrutura em ferro fundido, todos desenhados segundo uma estética eclética. Contudo, para LEMOS (1987, p. 76), as características dessas construções todas, dada a sua natureza, não foram assimiladas pela população justamente devido à especificidade de seus programas. A ausência de siderurgia avançada entre nós, também por motivos óbvios, fez com que a arquitetura de ferro não pudesse frutificar em exemplos populares (…) [constituindo-se em] uma arquitetura sem desdobramentos, destacando-se a Estação da Luz como principal edificação do gênero no período.


Sede do governo imperial e principal porta de entrada das novidades no País, o Rio de Janeiro conheceu a nova arquitetura com a construção do Gabinete Português de Leitura, “um salão de estrutura metálica coberto por uma clarabóia de vidro” (DEL BRENNA, 1987, p. 41), projetado pelo engenheiro-arquiteto lisboeta Raphael da Silva e Castro e com obra iniciada em 1880. A proposta arquitetônica foi escolhida por motivo de sua execução consumir menos tempo e menos recursos financeiros, uma vez que a fundição de uma parte dos elementos de ferro poderia se realizar na Cidade. Mesmo assim, foi saudado não pelas “inovações tecnológicas que representava, mas pelo belo estilo manuelino de sua arquitetura e pela mensagem ideológica nele contida” (DEL BRENNA, 1987, p. 42), qual seja a contribuição de Portugal à descoberta de novos mundos. De resto, os chalets suburbanos, com seus lambrequins rendilhados em zinco e varandas com esteios em ferro fundido, e os quiosques, voltados à venda de mercadorias e miudezas diversas, ajudavam a entender melhor o papel desempenhado pelo gosto do pitoresco, e das novidades, no processo de assimilação das inovações técnicas e de introdução de materiais construtivos e decorativos de produção seriada na arquitetura tradicional brasileira (DEL BRENNA, 1987, p. 36).


Em Minas Gerais, assistia-se à construção de Belo Horizonte, a nova capital do Estado, planejada em gosto eclético sob o risco dos engenheiros Aarão Reis e Francisco Bicalho e inaugurada em 1897. A indústria chega às terras mineiras pelas ferrovias que se ramificam no Interior e, assim como se deu em São Paulo, pela ação dos imigrantes, majoritariamente de origem italiana, à procura de oportunidades de trabalho na nova terra. As cidades mineiras que, além de Belo Horizonte, mais cedo ingressam na modernidade, tais como Juiz de Fora e São João del-Rey, por serem pontos de cruzamento de ferrovias. Portanto, a estação ferroviária, novo programa urbano, era tida como símbolo da nova era em dois sentidos: lugar de exibição das máquinas ao grande público e de chegada e circulação dos produtos industrializados. Seu protótipo arquitetônico de vãos com aberturas altas, em ferro, na mesma proposta dos galpões industriais, é inusitado, não tendo modelo de referência na tradição construtiva (LOYER, apud SALGUEIRO, 1987, p. 113).


Seu melhor exemplo será a Estação de Entroncamento, inaugurada em 1895, em Belo Horizonte, em cuja construção foram empregados materiais importados. O Mercado Municipal da capital mineira, construção belga estruturada em armações de ferro, assim como as residências faustosas e as casas comerciais, estas com seus inúmeros detalhes construtivos executados com o mesmo material, já ostentavam “estilemas pré-fabricados de uma arquitetura difundida em catálogos” (SALGUEIRO, 1987, p. 120).


No Recife, desde a primeira metade do século XIX, já se conhecia o chalet, amplamente difundido nos subúrbios da Cidade e na zona rural canavieira e introdutor de novos materiais e tecnologias construtivas, tipologia arquitetônica esta graças “à presença significativa de cidadãos britânicos, quase sempre ligados às atividades de importação e exportação de açúcar e algodão” (GOMES, 1987, p. 183). Nos cinquenta anos posteriores, a economia pernambucana substituiu os métodos tradicionais de produção por outros de tecnologia industrial, no mais das vezes importados. No campo da arquitetura, as novas formas misturavam-se aos modelos pré-existentes, gerando exemplares arquitetônicos híbridos de desenho eclético. Residências com estrutura de ferro fundido eram leiloadas ou vendidas como produtos industrializados, adaptados aos rigores do clima tropical úmido. Marcaram a arquitetura metálica em Pernambuco a reconstrução do Teatro Santa Isabel3, consumido por um incêndio em 1869, o qual recebeu “uma estrutura de ferro para sustentar os camarotes e frisas e uma estrutura de coberta também em ferro constituída de tesouras do tipo Polonceau” (GOMES, 1987, p. 186), e a construção, em 1875, do Mercado de São José, de origem francesa. Com efeito, as duas construções, ecléticas, refletindo a nova tecnologia metálica, deslumbraram a comunidade recifense à época, marcando, ainda hoje, a paisagem do Centro da Capital pernambucana com suas refinadas arquiteturas.


A riqueza produzida pela borracha entre 1870 e 1912 e a tradição de contato direto da província do Grão-Pará com a corte, iniciada ainda no Brasil-Colônia com o comércio das “drogas do sertão”, propiciou, em Belém, a importação arraigada de elementos construtivos na construção civil: a importância que adquire o ferro, nesse período em Belém, deve-se a um conjunto de fatores ligados às particularidades do ciclo econômico da borracha: a necessidade de, rapidamente, adaptar a cidade à nova estrutura econômica não havendo mão de obra abundante e especializada; a influência direta de países europeus, importadores de borracha, sobre a região. O poder aquisitivo do Estado e da classe enriquecida permitia a escolha dos produtos mais sofisticados e de melhor qualidade em disponibilidade nos centros industrializados. Os produtos pré-fabricados em ferro preencheriam todas essas condições (DERENJI, 1987, p. 162).


Para esta autora, além do emprego nas obras locais de um sem-número de materiais de construção importados (tijolos, telhas, madeiramento de forro, aparelhos sanitários, revestimentos, etc.), “torna-se comum a importação de prédios inteiros, de pedra como a loja Paris N’América, ou em ferro: mercados, reservatórios de água, estações de trem, residências” (DERENJI, 1987, p. 151), o que faz da Capital paraense uma das cidades brasileiras em que a eclética arquitetura do ferro fundido mais se evidencia, não só pela grande quantidade de exemplares como também pela riqueza e diversidade de tipologias arquitetônicas. O maior destaque desse acervo, caracterizado pelos produtos industrializados provenientes das empresas Walter McFarlane & Sons (escocesa), Donon & Cie, Boudet e Guillot Pelletier (francesas), é o Mercado Ver-O-Peso, construído em 1901, com sua estrutura em pórticos de ferro e revestimento em escamas de zinco (sistema Vielle-Montagne).


Portanto, alta manifestação do Ecletismo, o qual, para Patetta (1987, p. 13), constituía “a cultura arquitetônica própria de uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso, (…) amava as novidades e rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto”, a arquitetura do ferro, primeira expressão da arquitetura metálica no País, esteve firmemente associada às inovações impostas pelo surto de progresso industrial de natureza exógena, revelando a dependência do Brasil às nações hegemônicas do capitalismo da época, bem como, no nível dessa produção, a emergência do cliente consumidor, ávido por novidades que simbolizassem desenvolvimento, higiene e progresso material (CARVALHO NETO, SILVA NETO e DUARTE JUNIOR, p. 18, 2007).


Arquitetura Metálica no Ceará

Primórdios


Com seu desenvolvimento atrasado em razão do tardio processo de ocupação territorial e povoamento cearense, iniciado somente no final do século XVIII, e do seu isolamento no contexto regional, causado pelo modelo de colonização da província (do sertão para o litoral), Fortaleza definiu-se gradativamente como a Capital econômica e política do Estado pela abertura dos portos, em 1808, e a substituição da pecuária extensiva pela cultura do algodão. Essa nova conjuntura, que lhe garantiu autonomia, impôs o redesenho do quadro urbano e dos sistemas de intercomunicação viária locais, condições que propiciaram o surgimento da construção metálica em nosso meio. Segundo Castro (1987, p. 211), a partir desses dias, os vínculos com a Europa se estreitam, de sorte que, após a Proclamação da República, a capital cearense atinge um patamar que lhe permite participar do novo sistema de valorização da cidade, então implantado no país. Na deliberada busca de atualização, Fortaleza vai afastar-se cada vez mais das influências de procedência sertaneja, a fim de eliminar o largo fosso que, em tempos de “progresso” e de “civilização”, a tinham separado das capitais brasileiras de maior riqueza e de antigos esplendores.


O Prof. Arq. José Liberal de Castro aborda as vantagens deste sistema construtivo e estrutural em relação aos tradicionais executados em madeira, principalmente quanto à resistência a incêndios, à criação de grandes vãos e à pré-moldagem de componentes e peças relacionadas a essa arquitetura portátil, “o que favoreceu a possibilidade de remessa de estruturas desmontadas para terras distantes, como eram no caso o Brasil e tantas ex-colônias e colônias europeias ultra-marinas” (CASTRO, 1992, p. 70). Conforme este autor, o emprego das estruturas metálicas importadas constituiria, pois, o prolongamento desse capítulo da europeização da vida brasileira (…) Agora se contava com o produto original, elaborado pelas matrizes culturais de além-mar. Sobre o fato de figurarem como símbolos explícitos de demonstração de poder de uma burguesia urbana em ascensão, as novidades tecnológicas se amparavam em dados objetivos tais como o atendimento a prazos de construção curtos, os orçamentos definidos e pagos contra o recebimento da mercadoria, à parte o acabamento das obras, de alta qualidade (CASTRO, 1992, p. 71).


No Ceará, a construção metálica se inicia com a ampliação da rede de estradas, em meados do século XIX, quando são substituídas as pontes em madeira por outras erguidas com perfis metálicos. Em número de sete, foram implantadas durante a administração provincial do presidente João de Sousa de Mello Alvim, em 1868, para os rios Pacoti (Estrada de Aquiraz), Guaiúba, Acarape, Canoa (atual Aracoiaba), Putiú (Estrada de Baturité) e Maranguapinho (Estrada de Soure, atual Caucaia), todas encomendadas à firma inglesa Lishman & Company. Essas obras d’arte, construídas na vizinhança imediata de Fortaleza, servem de testemunho da ampliação territorial desta, ao tempo em que passam a servir à irradiação dos fluxos de abastecimento e exportação. Dessa forma, “a posição da capital e a montagem de um leque de estradas convergentes para o seu porto provocam o início da expansão da cidade, presa desde o nascedouro ao comércio britânico” (CASTRO, 1992, p. 211).


Mais adiante, com a instalação do transporte ferroviário em 1872, sendo pioneira a Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité, a implantação das pontes ferroviárias constituiu fato mais que relevante, de que são exemplo as construídas sobre os rios Coreaú (Granja, 1882), Quixeramobim (Quixeramobim, 1884), Banabuiú (Senador Pompeu, 1900), Choró (Caio Prado, 1889) e Jaguaribe (Iguatu, 1910). Para a ligação de Sobral, importante centro coletor e distribuidor da zona norte do Estado, ao porto marítimo de Camocim, construiu-se a Estrada de Ferro de Sobral, inaugurada em 1882. De todas, a mais impressionante é a de Granja, que, com seus 112 metros de extensão divididos em dois segmentos de 56 metros embasados em um pilar e duas cabeceiras de alvenaria ciclópica de pedra, mereceu de Bezerra (1894, p. 57) o seguinte comentário: “colosso da indústria moderna, incontestavelmente a mais linda, senão a mais gigantesca do império brasileiro. (…) É trabalho americano, saído das oficinas de Phoenixville Bridge Works, perto de Filadélfia”.


Igualmente importantes são as obras executadas no período para o embarque e desembarque de passageiros e de cargas no porto de Fortaleza e a infraestrutura urbana. Dentre as primeiras, ressalta o Viaduto Moreira da Rocha, também conhecida como Ponte Metálica, erguida em 1906 e recapeada entre 1928 e 1927. Espécie de trapiche construído mar adentro, a ponte servia à atracação das alvarengas que faziam o transporte de passageiros e mercadorias para os navios ancorados ao largo, já que o calado do porto era pouco profundo. No segundo caso, avultam as caixas-d’água erguidas em 1912, no Benfica, para o abastecimento da população da Cidade, logo recapeadas com concreto em 1920. Outros equipamentos de mesmo gênero, porém menores, foram os reservatórios implantados no Passeio Público e na Praça do Ferreira, este posteriormente levado em 1921 ao Parque da Liberdade, atual Cidade da Criança. Produzidos às centenas pela empresa americana Dandy ou pela Fundição Cearense, os cata-ventos metálicos marcavam à época a paisagem fortalezense, tal como se vê nas fotografias e postais de então.


As primeiras estruturas metálicas produzidas especialmente para fins arquitetônicos surgem no final do século XIX, possivelmente utilizadas nas instalações da Estrada de Ferro de Baturité: “talvez já aparecessem nos pavilhões das oficinas, por volta de 1872 e 1873, ou nas plataformas internas da Estação Central, esta inaugurada em 1882, construída segundo projeto do engenheiro austríaco Henrique Foglare” (CASTRO, 1992, p. 69). Pela qualidade do seu desenho e arrojo estrutural, merecem também menção alguns elementos arquitetônicos, tais como as escadarias existentes na antiga sede da Ceará Harbour Company (inaugurada em 1891, ex-Alfândega, atual Centro Cultural da Caixa Econômica Federal), no solar de Jeremias Arruda (atual sede do Instituto do Ceará) e no antigo Hotel do Norte (atual Museu da Indústria), bem como os elegantemente decorados pórticos em ferro fundido presentes nas fachadas principais do Solar Carvalho Mota (antiga sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs) e do antigo Hotel do Norte e os peitoris fitomórficos existentes na barragem principal do Açude do Cedro, em Quixadá.


Será somente, contudo, na passagem do século XIX para o XX, momento em que se registra o apogeu urbano de Fortaleza, quando serão erigidas as principais obras da construção metálica no Estado, a saber, o Cine Majestic (inaugurado em 1917 e destruído por um incêndio em 1968), o Mercado de Ferro (1897), a Igreja do Pequeno Grande (1903) e o Theatro José de Alencar (1910). Implantado na antiga Praça Carolina, atual Waldemar Falcão, o entreposto comercial, com seus refinados pórticos estruturais, abrangia uma área de 1.600 metros quadrados com apenas um único pavimento, todo executado em estrutura metálica. De acordo com Carvalho Neto, Silva Neto e Duarte Junior (2007, p. 25), consistia seu partido arquitetônico em uma solução bastante funcional: dois pavilhões idênticos, paralelos, distanciados cerca de cinco metros entre si, conformavam neste espaço uma passarela coberta, a principal circulação do edifício, à qual davam oito blocos comerciais, quatro sobre cada pavilhão, havendo oito cubículos por bloco, o que perfazia 64 pontos de comércio (…) Paralelas à pré-citada circulação ou avenida havia duas de igual calibre que, juntamente com uma via transversal, segmentavam o espaço interno em uma malha onde se assentavam, de maneira funcional e arejada, os oito blocos já mencionados (…) À exceção da coberta, executada em zinco, todo o sistema estrutural compunha-se de peças em ferro fundido ou laminado, a saber, colunas, treliças, vedações e adornos.


O Mercado de Ferro, produzido nas oficinas da empresa francesa Guillot Pelletier, logo transformou-se em um signo materializado da modernidade industrial, aliando “(…) o útil ao agradável, a solidez com a economia, a bellesa architectural com as regras que nos ensina a higiene pública, a comodidade com perfeita harmonia em todas as suas formas” (Trecho de “A República de Fortaleza”, edição de 19 de abril de 1987, apud GOMES, 1987, p. 171). O mercado foi divido em duas partes em 1938, sendo uma implantada na Praça Visconde de Pelotas, na Aldeota, recebendo a denominação de Mercado dos Pinhões, e a outra, após passar pelas imediações do Mercado São Sebastião, foi definitivamente locada no bairro da Aerolândia, mantendo também a função comercial. Ambos são tombados em nível municipal e foram recentemente restaurados, perdendo, contudo, a destinação primitiva.


A Igreja do Pequeno Grande tem a sua gênese na vinda ao Ceará, em 1895, por convite do então bispo Dom Luiz dos Santos, o primeiro da recém-criada Arquidiocese, das religiosas francesas ligadas à Ordem de São Vicente de Paulo. Antes, em 1884, já havia sido inaugurado o Externato São Vicente de Paulo (atual Colégio da Imaculada Conceição), o qual compõe belo quadro urbano, juntamente com a Escola Justiniano de Serpa (antiga Escola Normal), a Escola Jesus, Maria e José e a Praça Figueira de Melo, conjunto este recentemente tombado pelo Município. Em 1903, o templo foi entregue à comunidade fortalezense. Com seu arcabouço de alvenaria operando como vedação e recebendo destacada decoração neogótica, a igreja tem suas complexas arquitetura e estrutura assim descritas: sua planta desenvolve-se em nave única, tendo á frente a capela-mor, em ábside, separada da primeira apenas pela mesa de comunhão, composta por balaústres em ferro fundido. É na capela-mor que está o excepcional altar-mor neogótico, em madeira, certamente francês. Do altar vê-se o belo coro, localizado logo acima da portada principal, com acesso por duas graciosas escadas helicoidais em ferro e composto por um sistema formado por mísulas e viga-madre metálicas, que apóia o piso em pranchas de madeira, e o guarda-corpo de balaústres em ferro fundido. Ainda na nave, vê-se um púlpito em madeira ladeando a mesa da comunhão, com baldaquino, e preso a um dos pórticos que suportam o telhado. Esses pórticos, em ferro fundido, configuram a verdade estrutural do edifício: cada um deles é composto por dois perfis metálicos de seção em “H” unidos por treliças decoradas com motivos neogóticos, as quais suportam o telhado de duas águas, com grande inclinação, em telhas planas de ardósia. A sucessão de oito desses pórticos, contraventados por tirantes em ferro, definem o espaço da nave. Conformando um outro espaço, semi‑hexagonal e justaposto à nave, partem três estruturas que se unem, num único nó, ao cimo da treliça do oitavo pórtico, definindo assim a capela-mor, em abside poligonal (CARVALHO NETO, SILVA NETO e DUARTE JUNIOR, 2007, p. 27).


Os teatros representavam, por essa época, um dos principais ícones de uma elite de gostos europeus e formação intelectual positivista, sendo então um dos programas arquitetônicos mais construídos nas grandes e médias cidades brasileiras. A classe abastada fortalezense, fortalecida financeiramente pela lucrativa exportação de algodão, além dos amplos horizontes comerciais, descortinava para si também os culturais e os ideológicos. A estreita relação com a Europa e seus valores aristocráticos foi realçada na Cidade com a implantação de determinados signos. O Theatro José de Alencar foi o mais eloquente deles.


A magnífica casa de espetáculos, erigida em honra do pai do romance de temática nacional no Brasil, foi entregue ao público em 10 de junho de 1910, no auge da Fortaleza Belle Époque e em pleno governo do presidente da Província, Antônio Pinto Nogueira Accioly, o Babaquara. Sua construção foi iniciada em 1908, somente após sua estrutura em ferro fundido, produzida pela firma escocesa Walter McFarlane & Sons, ter chegado de navio à Cidade, por intermédio da empresa Boris Frères. A obra foi fiscalizada por Herculano Ramos, um dos baluartes da engenharia brasileira de então. O edifício é composto por quatro seções: o bloco eclético fronteiriço à Praça José de Alencar, o pátio interno, a sala de espetáculos e a caixa cênica.


A primeira é uma caixa em alvenaria projetada pelo Capitão Bernardo José de Melo, profusamente decorada no gosto eclético, apresentando no térreo o vestíbulo de entrada, ladeado pela bilheteria, por um café e pelos sanitários de público. No pavimento superior, alcançado por escadas helicoidais metálicas, encontra-se o foyer, ou salão nobre, comunicado ao exterior por aberturas protegidas por gradis em ferro fundido. A segunda porção, o pátio pavimentado, faz a intermediação entre o bloco de acesso e a sala de espetáculos, ponto alto da composição: eis aí o maior apelo arquitetônico existente no imóvel, resultado da equilibrada e perfeita fusão entre tecnologia e artes aplicadas. Totalmente desenvolvida em estrutura metálica, com uma filiação estilística tendente ao Art Nouveau, é encerrada por duas grossas paredes laterais em alvenaria de tijolos apresentando quatro níveis superpostos, quais sejam, a platéia, os camarotes, as frisas e as torrinhas, todos sustentados por esbeltas colunas em ferro e guarnecidos por balcões de esmerado acabamento, também executadas com o mesmo material (CARVALHO NETO, SILVA NETO e DUARTE JUNIOR, 2007, p. 28).


O arranjo arquitetônico finda com a caixa cênica, justaposta à sala de espetáculos e dotada de urdimento em madeira. No bloco fronteiro e na sala de espetáculos, registram-se pinturas murais executadas por insignes artistas cearenses, tais como Jacinto Matos, Paula Barros, Ramos Cotoco e Rodolfo Amoedo. Com a demolição do antigo Centro de Saúde, seu vizinho na lateral leste, aproveitou-se a área remanescente para a implantação de um amplo jardim, no qual foram fartamente empregadas espécies nativas, de cujo projeto paisagístico ficou encarregado o Arq. Burle Marx. O teatro, ao longo de sua existência, conheceu reformas, a saber, em 1918, 1957, 1973 e 1990, sendo esta a mais incisiva: além de inúmeros serviços de conservação, criou-se uma cortina de vidro na periferia da planta da sala de espetáculos a fim de otimizar a implantação de um sistema artificial de condicionamento ambiental e para reduzir o incômodo produzido pelos ruídos externos. O jardim lateral ganhou um espaço cênico ao ar livre amparado por recursos de som e iluminação e um anexo de 2.600 m² foi implantado, com entrada independente pela Rua 24 de Maio (CARVALHO NETO, SILVA NETO e DUARTE JUNIOR, 2007, p. 28).


O Theatro José de Alencar foi inscrito no Livro de Tombo das Belas Artes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1964, constituindo-se em bem imóvel constante do acervo brasileiro de teatros-monumentos.


Excetuando-se as edificações cujas proteções foram aqui mencionadas, as demais citadas remanescem destituídas de quaisquer cuidados culturais oficiais, muitas delas evidenciando avançado estado de degradação física. Além dos tombamentos, de modo especial para os bens imóveis ferroviários, constitui-se de fundamental importância a implementação de uma política preservacionista que resulte de “opções ponderadas e não de sobressalto pela iminência de alguma destruição” (KHÜL, 1998, p. 322), o que só poderá ser alcançado mediante um amplo trabalho de identificação e documentação arquitetônica. Na mesma linha, há que formar quadros técnicos voltados à recuperação do patrimônio construído em ferro, serviço complexo que requer capacitação especial “pelo fato de a obra condicionar a restauração e não o contrário” (BRANDI, apud CARBONARA, 2004, p. 11).


Mesmo sendo registradas poucas obras metálicas de vulto no período, por motivo do sempre agudo quadro socioeconômico do nosso Estado, estas, apesar de tudo, garantiram para Fortaleza uma aura de efervescência e atualização artística, constituindo-se em marcos significativos de sua paisagem urbana, seja por seu valor histórico, artístico, simbólico ou afetivo.


Obras de Referência

12 obras de referência na arquitetura com ferro e aço no Ceará



Contemporaneidade

Contemporaneidade


A construção metálica no Ceará foi interrompida e permaneceu suspensa por muitos anos em razão do uso arraigado do concreto armado, causado pela fácil obtenção do material em nosso meio, por uma cultura de formação acadêmico-profissional centrada nessa tecnologia construtiva e pelos programas arquitetônicos e urbanísticos praticados. Seu retorno à cena, como em seu momento introdutório, dá-se associado a uma imagem de avanço e apuro tecnológico, agora, entretanto, às voltas com desafios mais ousados: correntemente utilizada para vencer os grandes vãos existentes em equipamentos públicos e privados, está a exigir dos arquitetos e engenheiros o estabelecimento de novas práticas profissionais de que o compartilhamento de conhecimentos, a racionalidade projetual e a consideração da escala da produção industrial, esta agora desenvolvida por procedimentos da robótica e da mecatrônica, são as características mais marcantes. Não se valendo mais dos rebuscamentos dos estilos históricos em suas composições, as estruturas metálicas celebram o arrojo, a esbeltez e a rapidez de execução, apresentando-se em sua essência delgada como o ápice das formações tecnológicas nos campos da arquitetura e da construção civil (CARVALHO NETO, SILVA NETO e DUARTE JUNIOR, 2007, p. 30).


Diferentemente do que ocorreu no País, com a corrida do aço iniciando-se quando da instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1946, no Rio de Janeiro, e sua posterior aceleração, na metade dos anos de 1960, com o funcionamento da Cosipa (SP) e Usiminas (MG), a construção industrializada em aço no Ceará deu seus primeiros passos somente no começo da segunda administração do Governador Virgílio Távora (1979-1983) com o II Plano de Metas Governamentais (Plameg II), o qual tinha como um de seus objetivos a implantação do II Pólo Industrial do Nordeste. Essa concentração de indústrias tinha no Pólo e Metal-Mecânico um de seus destaques, centrado nas operações de laminação, fundição, trefilaria, ferramentaria agrícola e manual, siderurgia e máquinas diversas.


Nesse período, Fortaleza experimentava um surto de crescimento de sua população e expansão territorial, assistindo à implantação de grandes equipamentos urbanos públicos e privados, nos quais, paulatinamente, a tecnologia e a linguagem da arquitetura com aço se insinuavam. Inspiradas nos muitos exemplos produzidos na década de 1970 nas áreas da administração, comércio, serviço, indústria e cultura por arquitetos do nível de Norman Foster, Renzo Piano e Richard Rogers e divulgados pelos periódicos internacionais de arquitetura que aqui chegavam, algumas obras surgiam em Fortaleza evidenciando novos modelos arquitetônicos. Vale ressaltar, cronologicamente, alguns trabalhos pioneiros, tais como a primeira etapa do Shopping Iguatemi (Arq. Luiz Fiúza, 1982), a sede da Associação Atlética Banco do Brasil (Arq. Antônio Carvalho Neto, 1984), o Centro Administrativo Presidente Getúlio Vargas do Banco do Nordeste do Brasil (Arqs. Marcos Thé Mota e Wesson Nóbrega, 1984), todos em Fortaleza, e a Fábrica Grendene, em Sobral (Arqs. Edilson Aragão e Herbert Rocha), nas quais a estrutura metálica já comparecia de forma destacada.


Os escritórios de arquitetura locais passaram a ampliar e aprofundar seus esforços de pesquisa no conhecimento da tecnologia de construção com aço para enfrentar programas cada vez mais desafiadores em tamanho, arrojo e complexidade. No início da década de 1990, uma obra, talvez por sua localização e visibilidade, tornou-se emblemática: a Agência Aldeota do Banco do Brasil (Arq. Antônio Carvalho Neto, 1993). Visitado e estudado por professores, estudantes e profissionais de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, o edifício serviu de justificativa à criação de um movimento constituído por quadros técnicos do ramo e apoiado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec-CE) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Ceará (Sebrae), o qual movimentou a cadeia produtiva do aço em nosso Estado com a realização de cursos e seminários ministrados por consultores do sul do País, onde a construção metálica se dava com maior intensidade.


Em 1997, foi criada a Associação Nordeste Brasileira da Construção Metálica (Ancom), tendo entre seus objetivos divulgar o conhecimento da tecnologia do aço na arquitetura (projeto) e nas engenharias (cálculo, fabricação e montagem). Mediante convênio estabelecido entre a Ancom, a Fiec e a Universidade Federal do Ceará (UFC), atendendo à demanda dos professores e estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia desta, foram realizados inúmeros seminários e cursos técnicos na área durante toda a década de 1990, eventos estes considerados como indicadores de sucesso do processo de difusão iniciado. Outras obras de vulto foram realizadas no período, tais como o Aeroporto Internacional Pinto Martins (Muniz Deusdara Arquitetos Associados, 1998), o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Arqs. Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo, 1999), a 5ª etapa do Shopping Iguatemi (Arqs. Gerardo Jereissati e Paulo Arrais, 2003), o Mercado Público de Sobral (Arqs. Ricardo Muratori, Raquel Carvalho e Patrícia Aquino, 2005) e a Torre do Luzeiro, em Juazeiro do Norte (Muniz Deusdara Arquitetos Associados, 2005), além de elementos de mobiliário urbano, helipontos, postos de serviço, entre outras relevantes.


Nos últimos dez anos, mercê da intensificação da condição de Fortaleza como metrópole, polo econômico e político regional e destino turístico nacional e internacional, bem como do destaque de algumas cidades no quadro urbano cearense e nordestino, a construção de grandes equipamentos urbanos públicos e privados tem sido cada vez mais demandada. A escala das intervenções, a complexidade dos programas, o elevado perfil tecnológico requerido, os curtos prazos de entrega das obras e a rapidez dos métodos projetuais e dos procedimentos de construção têm pautado esse processo, ao tempo que este também impõe às universidades uma transformação na formação dos profissionais que irão participar da cadeia produtiva da construção civil.


No campo específico da arquitetura, para além do seu emprego já tradicional nas cobertas, o aço começa a comparecer de forma mais ousada nos arcabouços arquitetônicos. São exoesqueletos que tanto estabelecem a forma do edifício quanto suportam suas cargas; pórticos que envolvem todo o aparato funcional do prédio, conformando o abrigo e garantindo-lhe as necessárias sombra e ventilação; gestos concomitantemente materiais e simbólicos, sugerindo metáforas diversas e valorizando o local de implantação da obra; naves em que a tectônica em aço nasce do chão e a este retorna, configurando a totalidade do espaço; tratamentos de fachada que dialogam com o clima e a arquitetura pré-existente; e volumes puros ou contorcidos, resultantes de uma gênese estrutural engenhosa, entre outras interessantes soluções arquitetônicas e construtivas.


A nova tecnologia impõe transformações à arquitetura, começando por sua linguagem. Os edifícios fazem-se mais leves e diáfanos, com elementos estruturais mais delgados. A opacidade dá lugar à transparência, intensificando a relação entre interior e exterior. Os ambientes internos se fazem mais livres e sem partições, graças aos grandes vãos vencidos. A racionalidade na definição e produção da estrutura não se constitui em obstáculo à afirmação de sua função estética. Por sua vez, o métier também se altera e se qualifica, com a entrada em cena de profissionais ligados à construção metálica, seja nos escritórios de projetos, seja no canteiro de obras, agora, mais que nunca, integrados. O cálculo estrutural e a pré-fabricação dos elementos, a adequada escolha de bitolas e seções, os modelos de encaixes e juntas, os tipos de solda, a interface da estrutura e das vedações internas e externas, entre outros detalhes, vão atrair a atenção dos técnicos envolvidos com o novo sistema construtivo.


Como destaques da produção recente, são citados o Mercado dos Peixe (Arqs. Ricardo Muratori, Esdras Santos e Fausto Nilo, 2016), implantado defronte ao mar com sua coberta em pórticos e brises-soleils metálicos; a sede do Conselho Regional de Medicina do Ceará (Arq. Expedito Deusdara, 2016), com seu rendilhado curvo em aço, em tramas de desenhos variáveis, respondendo estruturalmente pelo suporte dos pavimentos do edifício; o Campus da UFC em Sobral (Architectus, 2012), resultante do aproveitamento do prédio da Fábrica de Tecidos, construído no final do século XIX; e o Terminal de Passageiros do Porto do Mucuripe (Architectus, 2015), com sua bela coberta arqueada.


No ano de 2000, o Governo do Estado do Ceará envidou esforços para, juntamente com parceiros públicos (o ramo de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDESPar) e privados (as empresas sul-coreana, Dongkuk Steel, a italiana Danieli e a brasileira Companhia Vale do Rio Doce) criar, no município de São Gonçalo do Amarante, a empresa Ceara Steel, a qual deveria operar tendo como base energética o gás natural em vez do carvão mineral. No final de 2006, na transição entre os governos de Lúcio Alcântara e Cid Gomes, a Petrobras rompeu o contrato de fornecimento de gás a preço pré–estabelecido, o que fez com que os acionistas do projeto decidissem mudar a matriz energética para carvão mineral, de forma a tornar viável o empreendimento. Interrompido por algum tempo, o processo foi retomado em 2007 pela Dongkuk Steel, a sul-coreana Posco e a Companhia Vale do Rio Doce que, juntas, criaram a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), com investimento total estimado em US$ 5,4 bilhões (ver adiante).


Espera-se que, com a nova condição atingida pelo Estado como produtor e exportador de aço, a arquitetura construída com este material torne-se mais acessível, popularize-se e galgue importantes patamares no que tange à sua produção e fruição. A disseminação da tecnologia tem nos arquitetos os seus promotores; para tanto, estes profissionais, mais e mais, aprofundam seus conhecimentos sobre o material e os sistemas construtivos a este associados, bem como acerca de suas aplicações e processos, de maneira a obter resultados plásticos, técnicos e funcionais adequados. A arquitetura e a engenharia, integradas, saberão enfrentar os novos desafios impostos pela produção do espaço e pela construção.


De Agora em Diante

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Infográfico Anatomia da Companhia Siderúrgica do Pecém

A história mostra a influência metálica no Ceará. E o futuro se mostra ainda mais. O grande ponto de inflexão é a Companhia Siderúrgica do Pecém, a CSP, cuja operação começa em 2016. Em São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de Fortaleza, na terra seca, entre o mar e o semiárido, o aço encontrou um lugar para reinar.


Ainda na fase de construção, a empresa foi responsável pela criação de 15 mil empregos diretos e 8 mil indiretos, mais de 40 mil pessoas e 420 empresas estiveram envolvidas no processo desde 2008. A partir da operação, a expectativa é a geração de 4 mil empregos diretos e 12 mil indiretos, muitos dos quais serão exercidos por mão de obra qualificada, com salários acima da média da região.


Um processo similar ocorreu no pós-guerra, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, quando foi inaugurada a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941, no governo Getúlio Vargas. Ser funcionário da empresa, na época ainda uma estatal, era sonho de muitos imigrantes de vários estados. “Esta companhia, vou dizer com franqueza, é uma das pioneiras do progresso do nosso País. Esta usina maravilhosa, grandiosa, dá trabalho para muitos operários, muitas famílias, de maneira que eu gostaria que existissem outras do mesmo porte desta, uma dezena de siderúrgicas do porte desta”, relatou o então pedreiro da CSN, José Henrique Dias, nascido em 1914, em Minas Gerais, conforme consta no estudo da Fundação Getúlio Vargas A construção da grande siderurgia e o orgulho de ser brasileiro: entrevistas com pioneiros e construtores da CSN.


Depois de tantos anos, o Nordeste recebe, enfim, sua primeira siderúrgica integrada, com capacidade de impactar o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará em 12%. Somente na primeira fase de operação, a CSP deve produzir 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano. Trata-se de matéria-prima para fábricas em todo o mundo, ainda oferecido pelo Siderúrgica em estado semibruto. Na segunda fase, o número deve dobrar, segundo projeções da empresa, e alcançar os 6 milhões de toneladas de placas de aço por ano. Além de contribuir para deixar a balança comercial favorável, destinando 80% da receita bruta para exportação, a empresa serve como ímã para a região, atraindo similares e incentivando a abertura de novos negócios relacionados às suas necessidades. O impacto disso vai muito além dos ganhos da região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), onde foi erguida a multinacional.


O CEO da CSP, Sérgio Leite, desenha: a cadeia produtiva da empresa já impacta, antes mesmo do início das operações, até um raio de 300 quilômetros do Porto do Pecém. “Estar em uma Zona de Processamento e Exportação permite atrair muitos novos negócios.”


A inauguração tem como marco o acendimento do alto‑forno, o chamado Blown In. Não é exagero quando Sérgio define como uma nova fase na sua indústria. Um empreendimento estruturante como a CSP afeta positivamente toda a rede de fornecedores, como ele costuma destacar. “Nosso compromisso é, na fase de operação, adquirir, no Estado do Ceará, 50% dos bens, serviços especializados e de manutenção necessários ao funcionamento da siderúrgica. Isso representa aproximadamente 50 mil itens e movimentação de R$ 400 milhões/ano em contratos de longo prazo com fornecedores locais”, afirma Sérgio Leite.


A movimentação anual de R$ 400 milhões corresponde a mais da metade do PIB de São Gonçalo do Amarante, de R$ 776.797.000 em 2013. Sérgio explica ainda que o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da CSP foi concebido para promover o desenvolvimento de empresas e indústrias de base da região, assim como para apoiar a qualificação da mão de obra necessária para o crescimento da siderúrgica. Foram mapeadas pelo menos duas centenas de empresas aptas a atender às necessidades. Entre os diversos fornecedores locais da CSP, estão empresas dos segmentos de material elétrico e hidráulico, conservação e limpeza, locação de automóveis, transporte de pessoal, manutenção de software e hardware, lavanderia industrial, tratamento e coleta de resíduos sólidos, uniformes, manutenção elétrica, instalação e montagem, materiais de escritório e infraestrutura de rede e cabeamentos.


O presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Ferruccio Feitosa, define como um sonho. Ele trata como um dos grandes vetores do desenvolvimento socioeconômico do Ceará. Outras grandes empresas existentes, hoje, no CIPP trabalham em sinergia, como White Martins, Mizu e Phoenix. A ideia é cada vez mais atrair indústrias como também empresas que trabalham com logística. “Estamos trabalhando na prospecção de parceiros”, declara.


Por estar em uma Zona de Processamento e Exportação (ZPE), a lei exige que 80% da receita bruta da CSP seja fruto de exportação. A produção de placas de aço será escoada pelo Porto do Pecém. Os outros 20% poderão ser destinados ao mercado interno. As ZPEs são áreas espacialmente delimitadas, onde as empresas voltadas predominantemente para as exportações gozam de incentivos tributários e cambiais, além de procedimentos aduaneiros simplificados.


Embora a maior parte da produção tenha como destino o Exterior, o vice-presidente da Aço Cearense, Ian Corrêa, está otimista e espera que, num futuro breve, seja possível deixar de importar matéria-prima e encontrá-la no Estado, por um preço menor. “A chegada da CSP nos consolida como um grande polo metalomecânico. É a continuação da linha. Daqui a pouco, poderão se instalar novas empresas com outras funções. Temos uma perspectiva grande.” O otimismo de Ian tem razões não passionais. A Aço Cearense também é potencial consumidora da CSP. Mira na competição maior, capaz de baixar custo pela competição com os fornecedores de fora. O Custo Brasil de logística é pesado. Um produto da China pode ser mais barato que de São Paulo. Não por acaso, a companhia comandada por Ian é um dos maiores importadores de aço do País.


Ian explica que a diversidade e a complexidade do setor faz com que a CSP se torne parceira e que não haja competição com as empresas locais. Cada empreendimento preenche funções complementares e distintas dentro do mercado. Ademais, Ian sabe que há uma vasta oferta de serviços e mão de obra que vem junto com a siderúrgica. “Novos postos de trabalho que não existiam na região serão necessários, até para diminuir os custos da própria CSP. Haverá opção de empresas que ofertam manutenção de máquinas, por exemplo.”


Sérgio Leite. CEO da CSP

Um dos empreendimentos complementares é a Vale Pecém. Orçada em R$ 98 milhões, ela fornece o minério de ferro para a CSP. O desenvolvimento do polo metalomecânico também atraiu a laminadora do grupo espanhol Hierros Añon, a Siderúrgica Latino-Americana (Silat), que tem parceria com o Governo do Estado. O empreendimento, construído em área de 148 hectares do CIPP, funcionará em três etapas. A primeira conta com duas fábricas, e a segunda visa produzir 700 mil toneladas de chapas laminadas por ano. Já a terceira terá uma aciaria que confeccionará o tarugo, matéria-prima para a laminação de aços longos. A presença da Silat reduz a necessidade de exportação do aço para passar pelo processo de laminação no Exterior e voltar para o Ceará mais caro. Em vez disso, mais essa fase da produção poderá ser feita no Estado, diminuindo custos com logística e taxas alfandegárias.


Daniel Golveia - engenheiro cearense da CSP, vencedor do campeonato mundial Steel Challenge 10

O Ceará ainda hoje oferece subsídios para quem deseja se instalar no Estado. Idealizado ainda no governo Virgílio Távora (1963‑1966), o polo metalomecânico vem se desenvolvendo aos poucos, tentando vencer as duas maiores adversidades da região: a falta de água e de energia. Um outro percalço é a oferta de pessoal. E foi mirando nesta demanda que nasceu o curso de Engenharia Metalúrgica na Universidade Federal do Ceará (UFC). No Brasil, ele é o único fora do eixo Sul-Sudeste do Brasil. Em todo o País, há apenas 13 instituições que oferecem a graduação.

Em pouco mais de dez anos, o curso já conseguiu formar alunos de destaque, inclusive vencendo competições internacionais, como ocorreu em 2011, no 6th Virtual Steelmaking Challenge, promovido anualmente pela World


Ian Corrêa - vice presidente da Aço Cearense

Steel Association. O desafio consiste em simular a produção de aço, atendendo às especificações do torneio, ao menor custo total. Três equipes cearenses participaram da prova que contou com 650 times de 25 países. A equipe formada pelos alunos Helilton Morais Rego Lima Filho e Fernando Emerson Viana Sousa alcançou o primeiro lugar na América Latina. O terceiro lugar ficou com a equipe composta pelos alunos Luis Eduardo Dias Teles e Geilson Martins da Silva. Em abril de 2016, Marcos Daniel Gouveia Filho, engenheiro cearense da CSP, foi o vencedor do Campeonato Mundial Steel Challenge 10, na categoria indústria, realizado em Londres pela World Steel Association.


A CSP foi uma das incentivadoras e parceiras do meio acadêmico no Ceará, antes mesmo de começar os trabalhos no Estado. Já se entendia que era preciso formar pessoas a nível local para avançar nas conquistas na região. Agora, há uma meta clara para a empresa: o desenvolvimento de técnicos que possam elevar a qualidade e a produtividade dos serviços. A parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (Senai-CE), via Programa de Qualificação Profissional, está rodando. Já foram treinados 1.238 jovens cearenses que estão prontos para trabalharem em toda a cadeia produtiva. Já contratou 678 ex-alunos do Senai-CE. A CSP gera a oportunidade, e “Esse é o futuro que o aço irá trazer para todo o Ceará”, afirma Sérgio Leite.


Os donos da CSP

Os donos da CSP


O que faz do Ceará um local propício para o desenvolvimento da indústria metalúrgica? Na CSP, por exemplo, metade dos acionistas são estrangeiros. Ela é resultado de uma joint venture, formada pela Vale (50%) e as sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora mundial de placas de aço, e Posco (20%), 5ª maior siderúrgica do mundo e a 1ª na Coreia do Sul. Fechando a conta, a CSP é fruto de um investimento estimado em R$ 5,4 bilhões ao longo de sete anos. Nascido em Minas Gerais, com forte atuação no Sudeste, o CEO da CSP destaca que duas grandes vantagens para a empresa se desenvolver foram estar em uma ZPE e ter um terminal portuário à disposição. Embora comece a funcionar em tempos de recessão — como 2016 — seja um desafio pesado, Sérgio Leite mira nos contrapontos.


Em termos de impactos no meio ambiente, a CSP se diz estar comprometida com a gestão ambiental sustentável desde o início de suas obras, em 2008. No total, o investimento declarado é de R$ 1 bilhão na aquisição de equipamentos e implantação de processos voltados à preservação do meio ambiente e ao controle ambiental, equivalente a cerca de 20% do investimento total.


Na tentativa de minimizar desgastes ambientais, a empresa optou por equipamentos e tecnologias de ponta, considerando capacidade técnica, eficiência produtiva e reconhecimento pelos órgãos ambientais. Também são levados em consideração indicadores de desempenho ambiental e amplo controle dos métodos utilizados na produção.


O Programa de Monitoramento Arqueológico, com prospecção, identificação e resgate do patrimônio histórico cultural em sua área ganhou destaque pela preservação de materiais importantes para a história da região. Como resultado, foram catalogados 26 resquícios arqueológicos que estão na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2014, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) emitiu parecer informando que a CSP atendeu a todos os requisitos técnicos deste programa.


Quanto à proteção à biodiversidade, houve catalogação de diversas espécies nativas ao longo da construção do empreendimento. Por meio do resgate da fauna e flora na área de obras da companhia, a criação de um banco de sementes da vegetação nativa e uma xiloteca, que está disponível na Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) — o órgão ambiental do Governo do Estado — e no Parque Botânico do Ceará. Também foram produzidas e plantadas mais de 321 mil mudas de espécies nativas com sementes resgatadas na área de supressão vegetal da CSP. Este programa resultou na emissão pela Semace do 1ª Certificado de Regularidade de Compensação Ambiental no Estado do Ceará.


De acordo com a empresa, ela foi desenvolvida para ser eficiente em consumo hídrico, dadas as dificuldades climáticas do Ceará. A irregularidade pluviométrica no Estado leva a CSP a investir em projetos para otimizar o reúso de água e a estudar outras alternativas de suprimento. Cerca de 96% da necessidade de água da CSP serão recirculadas no processo industrial. Promete que as emissões atmosféricas durante a operação serão até 50% menores do que os limites estabelecidos na legislação ambiental brasileira. A estimativa é que 97% dos resíduos sólidos sejam reaproveitados, índice maior do que os 95% da siderurgia nacional.


Obsolescência não combina com o aço. O insumo é cada vez mais solicitado. Ele é uma opção de investimento rentável, tendo não só resistido a décadas de avanços tecnológicos, mas se adaptando a eles. A siderurgia é uma indústria do futuro.


Bibliografia

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Fontes e Referências:

  1. Os termos “Ecletismo” e “arquitetura eclética” dizem respeito às construções surgidas durante o século XIX e que exibiam elementos decorativos misturados, provenientes de expressões arquitetônicas clássica, medieval, renascentista, barroca e neoclássica.
  2. Ildefons Cerdà i Sunyer (1815-1876), engenheiro, urbanista e político catalão, foi o autor do plano de extensão e de reforma urbana de Barcelona, constituindo-se num dos pioneiros do urbanismo moderno.
  3. Para a complexa execução da estrutura do teatro, foi consultado, em Paris, o engenheiro Louis Léger Vaulthier, velho conhecedor da arquitetura pernambucana.